Por Itasat
Com quase seis décadas de tradição e história, o bar do Bolão pode não resistir à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e fechar as portas após 58 anos servindo pratos únicos, como o Rochedão (arroz, feijão, bife e ovo) e o macarrão à bolonhesa, e o famoso espaguete, carro-chefe da casa. O receio é do empresário Luiz Cláudio Rocha, um dos proprietários do tradicional bar localizado no bairro Santa Tereza, região Leste de Belo Horizonte. Em entrevista, Luiz Cláudio disse que o faturamento caiu mais de 80%.“Hoje tem grande possibilidade sim de o Bolão fechar as portas, porque não temos um caixa saudável para mantermos aberto. Nesse momento já não temos mais esse caixa saudável”, diz o empresário, que classifica a situação como crítica e ‘muito triste’.
O Bolão, assim como todos os bares e restaurantes da capital, estão fechados desde março por causa pandemia. Luiz Cláudio diz que o bar tinha quatro frentes de vendas: self-service, à la carte, o atendimento noturno e o delivery, único que ainda é mantido.
“Atualmente o delivery segura apenas a operação de delivery. Nós procuramos nos reinventar, criando o nosso próprio APP e dando descontos no primeiro pedido. Além disso, temos desconto no prato do dia. As redes sociais estão primordiais nesse momento primordiais, também para atingir o nosso público diário. A gente hoje está sobrevivendo em partes com delivery”.
Luiz Cláudio diz que apenas três funcionários foram demitidos e que o bar recorreu aos projetos do governo federal, como a suspensão de contratos, para manter os empregos. No entanto, a duração do fechamento dos bares de BH praticamente elimina os benefícios dos programas.
Mesmo quando a reabertura ocorrer, o empresário diz que a retomada não será garantia para evitar o fechamento. Isso porque, na avaliação dele, o protocolo divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte é muito rigoroso e não atenderia uma das principais fontes de faturamento da casa, que é o funcionamento noturno.
“Quando tiver essa reabertura não tem como ser a mesma coisa, não. Acho que nosso cenário é bem crítico e vamos ter muita dificuldade”, prevê Luiz Cláudio.
Apesar de ter garantido a maioria dos funcionários, o empresário revela que não tem como garantir a manutenção dos empregos. “Por enquanto demitimos três funcionários que eram do self-service, que se mantém fechado. Mas há sim grande possibilidade de mais demissões, visto que hoje o protocolo de abertura determina horário para o funcionamento que nesse momento não nos atende”.
Fundado em 1961, o Bolão também está ligado à música. O local é frequentado por membros do Clube da Esquina e das bandas Skank e Sepultura e já apareceu em um trabalho do cantor e compositor Lô Borges com o vocalista do Skank, Samuel Rosa.