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Indefinição

ENEM 2020: aulas à distância em MG podem não ter validade e atrasar preparação de alunos

Escolas particulares e a Secretaria Estadual de Educação estudam a possibilidade de as aulas presenciais serem retomadas do mesmo ponto em que estavam antes da suspensão

28/06/2020 08h59
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Por Itasat

Faltando apenas cinco meses para a possível data de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2020, professores do ensino médio da rede pública e privada não sabem sequer se as aulas realizadas à distância serão reconhecidas pelas instituições. Professores ouvidos contam que há chances de as escolas exigirem que todo o conteúdo ensinado remotamente seja dado de novo quando as aulas presenciais forem retomadas.

Com a pandemia do novo coronavírus, todas escolas de Minas Gerais suspenderam as aulas presenciais. Mas, nem data da suspensão, nem o formato das aulas à distância foram padronizados. Enquanto escolas particulares de Belo Horizonte optaram pelo ensino remoto em meados de março, por exemplo, escolas da rede estadual só iniciaram as aulas à distância no final de maio.

Por isso, escolas particulares e a Secretaria Estadual de Educação ainda estudam a possibilidade de as aulas presenciais serem retomadas do mesmo ponto em que estavam antes da suspensão, ignorando o conteúdo dado nas aulas à distância e atrasando, ainda mais, a grade curricular dos alunos.

Alunos e professores compartilham da ansiedade gerada por essa indefinição, como conta o professor do ensino médio e de cursinho pré-vestibular, Marcelo Batista.“

Dá pra perceber uma ansiedade diferente nos alunos neste ano, principalmente por não saberem quando será a prova e por não terem como se programar. E nós, professores, não sabemos o que vai ser considerado como ‘aula dada’, não sabemos como será”, explica.

Disputa desigual

Os professores ouvidos pela Itatiaia são unânimes em afirmar que, se o ENEM for realizado ainda este ano, a disputa entre os alunos não será justa. O professor Rodrigo Starling, que trabalha em escolas privadas e públicas, sabe bem disso.

“Nas escolas particulares os alunos têm aulas todos os dias e os professores, além de gravar as aulas, também fazem live, para ter o contato mais próximo com os alunos e tirar dúvidas. Na rede estadual, os estudantes assistem às teleaulas feitas pelo governo que passam na Rede Minas e em um aplicativo, que só acontecem na sexta de manhã. Mas muitos não têm acesso à celular, computador e nem mesmo ao sinal da Rede Minas nos bairros deles”, afirma. 

Cristina Penna, de 48 anos, vive esse medo na pele. Depois de 25 anos sem estudar, a dona de casa que estuda pelo programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), em uma escola estadual, decidiu realizar o sonho de se formar em administração. Ela, que nunca passou pela experiência do pré-vestibular, conta com a ajuda do filho para se capacitar.

“Eu me preparo na medida do possível, porque as teleaulas não são boas, a gente fica com muitas dúvidas e tenho que buscar materiais complementares na internet. No meu caso, eu tenho a sorte de contar com a ajuda do meu filho, que já fez o ENEM e me passa exercícios”, conta.  

Indefinição

Exame Nacional do Ensino Médio, que estava marcado para os dias 1º e 8 de novembro para as provas presenciais e 22 e 29 de novembro para as provas digitais, acabou sendo adiada pelo Ministério da Educação (MEC). 

A nova data, no entanto, ainda não foi definida. O Ministério realizou uma enquete com três opções para que os estudantes votem nas datas que julguem como melhores.Os participantes podem votar até o dia 30 de junho.

As datas alternativas para a realização das provas presenciais são nos dias 6 e 13 de dezembro de 2020, 10 e 17 de janeiro de 2021 ou 2 e 9 de maio de 2021. E os estudantes têm opiniões divergentes sobre a melhor opção.

Cristina Penna, como a maioria dos estudantes da rede pública, preferem que o Enem seja realizada apenas em maio “é a data mais coerente, porque a preparação que estamos tendo é muito pouca e teremos mais tempo pra estudar”, explica.

Stella Honório, estudante de cursinho de 21, anos no entanto, quer que as provas sejam feitas em janeiro. “Eu formei no ensino médio em 2015 e desde lá eu estou tentando medicina. Acho que a indefinição é frustrante pra todo mundo, mas é ainda pior pra quem já tem a carga emocional de estar tentando há alguns anos. Se for adiado pra maio, acho que vai ter um resultado negativo na motivação”, conclui.