Por Itasat
Um grupo de conselheiros do Cruzeiro divulgou um manifesto se posicionando contrário à determinação do presidente do Conselho Deliberativo, Paulo César Pedrosa, sobre a assembleia do dia 3 de agosto que definirá pela venda ou não do imóvel onde está localizada a Campestre 2, na região da Pampulha. Para eles, a votação para aprovar a alienação deve ser de 9/10 (nove décimos) da totalidade dos membros e não dos presentes.
Assinam o documento os quatro conselheiros da chapa ‘Independente’ que disputaram as eleições para o Conselho Deliberativo, em maio deste ano: Luiz Carlos Rodrigues, Roberto Magalhães, André Fernandes e André Elian Martins.
Na semana passada, em comunicado de “esclarecimento” divulgado aos conselheiros do Cruzeiro, Paulo Cesar Pedrosa informou que será considerado o número de pessoas presentes na reunião que votará pela venda ou não do imóvel conhecido como Campestre 2 com o objetivo de pagar as dívidas do clube na Fifa.
O quarteto entende que, para instalar a assembleia, é necessária a presença de 9/10, ou seja, 90% dos associados com direito a voto. E deram um exemplo. “Nas deliberações da Assembleia Geral Extraordinária, por exemplo, considera-se para ‘IV - deliberar sobre a extinção da entidade’ (inciso IV do art. 6º), será tomada pelo voto da maioria simples dos presentes, mas a Assembleia não pode ser instalada com menos de 9/10 (nove décimos) dos associados com direito a voto”, diz um trecho do documento.
“Óbvio, a mesma importância, ao se deliberar sobre a alienação de terreno, xifópago à Sede Campestre, não vislumbrada qualquer situação ‘altamente vantajosa’, pois indispensável ao seu funcionamento, inclusive perante à PMBH [Prefeitura Municipal de Belo Horizonte], devido ao seu potencial (subestimado), por isto necessária a aprovação mediante ‘9/10 (nove décimos) dos Conselheiros’. Atentem-se, a inexistência da palavra ‘presentes’”, continuou o grupo.
Os integrantes da chapa ‘Independente’ foram além e questionaram a legitimidade da eleição do presidente Sérgio Santos Rodrigues. Na visão dos quatro conselheiros, o atual mandatário, que venceu o pleito realizado no fim maio e tomou posse no dia 1º de junho, não falou em momento algum de sua campanha eleitoral de que pediria a convocação do Conselho para votar a venda de imóvel do clube para pagamento de dívidas, e que faria a quitação dos débitos de outras formas.
“Estamos com 50 dias da posse do novo Presidente. Destacamos isto, para sustentar que, a proposição de alienação do imóvel, ilegítima a campanha do então candidato Sergio Rodrigues, pois hora nenhuma fora aventada tal situação, ao contrário, sempre otimista em função de sua Equipe de trabalho, das receitas, de novas captações de recursos, da disposição de empréstimos por grandes cruzeirenses (taxa Selic), das parcerias, dos investidores e da capacidade de inovação, o que maculará sua eleição”, alegam os conselheiros.
Apesar do manifesto do grupo de conselheiros, está confirmada a assembleia no dia 3 de agosto para votar, com 9/10 dos presentes, pela venda ou não da Campestre 2, conforme determinou, no último dia 17, o presidente do Conselho Deliberativo, Paulo César Pedrosa.
Clube-empresa
Os conselheiros da chapa ‘Independente’ ainda ressaltam que a solução para o Cruzeiro conseguir resolver os problemas das dívidas é a transformação em clube-empresa.
“Ressalvamos nossos ‘princípios’, sustentado nas eleições à Mesa Diretora e reforçar nosso entendimento, que não há saída para o futebol, senão pela transformação em S.A.F. É premente a transformação do futebol em Clube Empresa, e somente assim, haverá saída para a crise financeira. A responsabilidade da dívida é do futebol. Do torcedor”, disseram.
“O ônus não pode ficar para o associado. Temos um clube, que com uma administração profissional, separados da administração do futebol, tornar-se-á muito mais pujante”, completaram.
Para eles, quem assumir o clube a partir de janeiro de 2021 – presidente e mesa diretoria do Conselho Deliberativo que serão eleitos no pleito de outubro e novembro deste ano, respectivamente – devem pensar no clube-empresa como solução.
“Assim, teremos a oportunidade, eleitos novos Presidentes, novo Conselho (constituinte - convocado e eleito para promover a Reforma do Estatuto), de tornarmos ao futebol empresa. Proporcionando aos torcedores e a investidores, a possibilidade de participarem do Cruzeiro S.A.F. e lhes dar sustentabilidade”, finalizaram.
Posicionamento da atual diretoria do Cruzeiro:
A direção executiva do Cruzeiro Esporte Clube respeita e considera legítimos todos os tipos de manifestações sobre o assunto, mas reforça seu entendimento e posicionamento contrários em relação à interpretação de artigos do Estatuto.
Em menos de dois meses à frente do Clube, a nova gestão já pagou quase R$ 30 milhões em dívidas, anunciou diversas novas parcerias, dentre elas quatro novos patrocinadores e extensão de contratos de outros dois, além de ter criado plataformas de monetização, em um delicado período de pandemia e sem a realização de jogos e eventos, tendo em seu planejamento o lançamento de novos produtos em breve.
Mesmo com todo o esforço e dedicação para honrar compromissos e pagar as dívidas urgentes, e sempre contando com o apoio da Nação Azul no envolvimento com os novos projetos, a diretoria considera de suma importância a necessidade de venda de um ativo que não gera qualquer tipo de receita ao Clube, mas apenas despesas.
A diretoria reitera que o processo de votação do Conselho e da possível venda, caso aprovada, serão realizados de forma totalmente transparente. E informa que, mesmo aprovada, a venda só será concretizada a partir de uma boa proposta que atenda aos anseios e necessidades do Clube.