Coperlidere
RR MÍDIA 3
Eleições

EUA vão às urnas em clima de incerteza e ameaça de disputa judicial

Quase 100 milhões de americanos votaram antes de as urnas abrirem na manhã desta terça-feira

03/11/2020 08h38
Por:

Por Itasat

Quase 100 milhões de americanos votaram antes de as urnas abrirem na manhã desta terça-feira. A avalanche de votos indica um comparecimento recorde em uma disputa que o presidente Donald Trump ameaça contestar na Justiça. O democrata Joe Biden disse nessa segunda-feira (2), que o adversário "não roubará a eleição", horas depois de Trump ter prometido acionar seus advogados logo após a votação acabar – caso a apuração aponte sua derrota.

O presidente vem defendendo a ideia de que o resultado tem de sair na noite de terça-feira e critica o fato de a Pensilvânia, um Estado crucial, apurar por último os votos enviados pelo correio. "O povo americano não será silenciado", afirmou Biden. Dos 97,6 milhões de votos antecipados, 35,5 milhões foram presenciais e 62,1 milhões enviados pelo correio.

No Texas e no Havaí, o voto antecipado já superou o total de eleitores de 2016. Nos EUA, 138,8 milhões votaram na eleição passada. A projeção é de que mais de 150 milhões de pessoas votem este ano – um recorde.

Em condições normais, uma vitória de um dos lados era sempre reconhecida pelo derrotado – geralmente com um telefonema simpático após o resultado. Desta vez, no entanto, a Casa Branca é ocupada por um presidente imprevisível, que muitas vezes contraria as recomendações de seus assessores, o que cria uma instabilidade inédita.

“Como ucranianos, russos e venezuelanos, os americanos vão para essas eleições sem saber se poderão registrar seu voto, se o voto será contado, se o candidato com maior número de votos vencerá e se haverá violência quando os resultados forem anunciados. Impensável nos EUA de apenas alguns anos atrás”, afirma Steven Levistky, cientista político da Universidade Harvard e autor do livro Como as Democracias Morrem.

Há um desafio logístico em lidar com o volume de votos antecipados, especialmente em Estados que têm menos experiência com os procedimentos. Os americanos não possuem uma Justiça Eleitoral centralizada, como o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro. Cada Estado adota suas regras. Neste ano, muitos flexibilizaram os requisitos para admitir o voto antecipado e pelo correio para evitar aglomerações.

Dos 50 Estados, 22 permitem contagem de cédulas que chegam depois da eleição, o que pode atrasar a apuração se a maioria dos eleitores deixar para enviar o voto na última hora. A forma como os votos são apurados faz com que normalmente mais votos republicanos sejam contabilizados primeiro. As cédulas contadas após o dia da eleição tendem a favorecer os democratas. Em Estados muito disputados, isso pode dar a sensação de que republicanos venceram no início da noite e muitos temem que Trump se declare vitorioso antes da totalização dos votos.