Por Itasat
Oito anos depois, Cuca volta à Cidade do Galo nesta terça-feira (16), para iniciar um trabalho com o objetivo claro em 2021: conquistar um (ou mais) grande título. Após quase uma década separados, que expectativas técnico e clube podem ter um do outro?
Ao deixar o Atlético, em dezembro de 2013, Cuca acumulou passagens por Shandong Luneng (China) Palmeiras, São Paulo e Santos. Ele conquistou a Copa da China (2014), a Supercopa da China (2015) e o Campeonato Brasileiro (2016). No Peixe, onde fez o trabalho mais recente, foi vice campeão da Copa Libertadores do ano passado.
Agora no Atlético, a missão se mostra óbvia diante do elenco que dispõe o clube alvinegro. Já considerado um dos melhores grupos do futebol nacional no ano passado, quando terminou o Campeonato Brasileiro em terceiro lugar, o Galo se reforçou o atacante Hulk e meia Nacho Fernández e o lateral-esquerdo Dodô.
Estilo e paciência
“Ele recebe esse elenco muito qualificado, mas ainda assim o torcedor precisa ter paciência, e nós precisamos também, enquanto analistas. Porque ainda que ele tenha peças qualificadíssimas, a ideia de jogo do Cuca é completamente diferente daquilo que o torcedor se acostumou com o Sampaoli”, afirma o comentarista da Itatiaia Edu Panzi.
“O Sampaoli tinha um jogo posicional, o Cuca não joga dessa maneira – aliás, no futebol brasileiro técnico nenhum faz isso. É um recomeço tático e isso requer tempo”, completa o jornalista.
O comentarista da Itatiaia Léo Figueiredo acredita que o técnico aproveitará algumas heranças deixadas pelo antecessor, Jorge Sampaoli. “Acho que o Cuca tem humildade suficiente para que os jogadores possam passar isso para ele. É daí que o Cuca precisa começar a trabalhar.”
O que melhorar?
É um consenso entre os analistas: o Atlético precisa evoluir defensivamente. “Equilíbrio é fundamental hoje no futebol. A gente sabe que o Atlético, principalmente na bola aérea, tem algumas deficiências. Ele tem que fortalecer a defesa e por isso a gente cobra um volante mais pegador, de destruição”, analisa o comentarista da Itatiaia Junior Brasil.
“Equilíbrio” também foi o termo usado por Léo Figueiredo. Para o comentarista, foi isso que faltou ao time de Sampaoli. “O Cuca vai precisar atacar, muitas vezes como o Sampaoli atacava, porque esse time não foi feito para ficar atrás. Mas o Cuca também não pode se defender mal como muitas vezes aconteceu com o Sampaoli. A palavra é equilíbrio. O Cuca vai ter que achar um equilíbrio, porque só assim ganha título. Pela qualidade técnica que o Cuca vai encontrar, atacar não vai ser um problema. Defender talvez seja o grande desafio dele para fazer o Atlético campeão.”
O último trabalho
O jornalista Gilmar Júnior, da Record TV de São Paulo, elogia a passagem de Cuca pelo Santos, tanto em relação ao campo quanto na lida com os jogadores. “Ele teve muito esse poder de controlar o vestiário, ele era esse porta-voz. Se fosse resumir o Cuca em uma palavra, é ‘facilitador’. Ele conseguia fazer essa transição de levar as informações do vestiário para a diretoria e da diretoria para o vestiário.”
Gilmar relatou que, quando Cuca assumiu o lugar do português Jesualdo Ferreira no Peixe, as expectativas para a temporada santista eram baixas. “O grande ponto positivo do Cuca foi conseguir colocar os jovens que vinham da base e aliá-los às grandes qualidades dos jogadores que já estavam ali. Ele fez o Lucas Braga ser o Lucas Braga de hoje”, afirma.
Para frente?
Junior Brasil acredita que, nas quatro linhas, o treinador pode usar no Galo qualidades visíveis no time paulista. “O Santos foi um time com característica ofensiva, era envolvente, tocava a bola com rapidez, imprimia velocidade. Ele abriu espaço para os meninos da base. Ele tinha Marinho e Soteldo, aqui tem um Keno, um Hulk, um Savarino que também podem imprimir essa velocidade”, explica.
“Acredito que no DNA, naquilo que ele tem feito, dá para esperar um Atlético ofensivo pelo material que o Cuca vai ter na mão”, prossegue Junior.
É uma visão semelhante à de Gilmar. Para ele, Cuca foi bem no Santos por entender o DNA do clube, mas também cita um defeito. “Ele usava muito os lados do campo, era bem ofensivo. O ponto fraco é que às vezes havia uma sobrecarga em cima dos laterais e dos zagueiros, porque os volantes estavam jogando para o ataque. Era um Santos que jogava para tomar dois gols e fazer três.”
Panzi também aprova o trabalho do técnico em São Paulo e se mostra otimista quanto ao que ele poderá apresentar no Atlético. “O Cuca conseguiu extrair o máximo de atletas no Santos e no elenco do Atlético ele tem muito mais qualidade para extrair.”