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Senador mineiro

Viana diz que Bolsonaro errou ao não coordenar combate à covid e que houve ‘debate inútil’ sobre origem de vacina

"Tivemos cada estado tomando decisões por conta própria", relata senador mineiro

31/03/2021 09h13
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Por Itasat

O senador Carlos Viana (PSD-MG) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro errou ao não coordenar o combate à pandemia e que houve, no país, um “debate inútil” em torno da origem da vacina contra a covid-19. As declarações foram dadas pelo parlamentar, vice-líder do governo no Casa, em entrevista veiculada nessa terça-feira (30), pela Rádio Senado.

“É preciso deixar com muita clareza que houve erro, sim, por parte do presidente da República, na questão de não coordenar, de não dialogar e de não buscar ser o centro, de fato, de todas as tratativas e barreiras sanitárias. O Ministério da Saúde tem a obrigação de ser o grande coordenador”, disse o senador.

“Nós tivemos um erro de diálogo da federação (os estados) com o governo federal, que, infelizmente, não foi percebido pela equipe do presidente Bolsonaro e dos ministérios. Tivemos cada estado tomando decisões por conta própria e, infelizmente, as barreiras sanitárias caíram”, completou.

Vacinação

O parlamentar também criticou o atraso do país na compra de imunizantes. “Nós tivemos um debate inútil no Brasil sobre a origem da vacina, se a vacina era chinesa, se não era chinesa, se isso era uma forma de globalismo, se eram os cavaleiros do Apocalipse, se a China era o Armagedom... Nós nos debatemos em questões que não levaram a nada e perdemos o nosso lugar na fila como principal parceiro daquele país em nos fornecer os insumos, independentemente do regime [de governo] da China”, declarou.

“Nós somos povos que têm relações com o povo chinês. Os governos se relacionam das maneiras que a diplomacia, a burocracia colocam, mas quando a gente fala em vacinar a população, em dar uma resposta rápida, o Brasil perdeu esse lugar na fila. A China, então, passou a vender os insumos mais rapidamente a outros países, e até que tomássemos a decisão de vacinar toda a população, o vírus estava sem controle, como continua em nosso país”, prosseguiu.

Governadores e prefeitos

Viana também apontou que há responsabilidade de governadores em relação aos problemas que o SUS tem enfrentado e questiona o uso do dinheiro enviado aos estados. “O SUS é tripartite (de responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal). O governo federal tem uma importância muito grande como coordenador, mas o SUS é responsabilidade dos governadores. Nós jogamos R$ 450 bilhões para combate à doença e atendimento no país. Esse dinheiro se esvaiu com muita rapidez nos estados e nós não fizemos o dever de casa. Os governadores têm uma responsabilidade muito grande”, ressaltou.

Em relação aos municípios, ele afirma que, em Minas, por exemplo, há suspeitas destinação irregular dos recursos. “Temos denúncias de que prefeitos usaram o dinheiro para folha de pagamento, para contratar cabos eleitorais usando coletes de fiscais da covid, tudo isso no Ministério Público sendo investigado.”

Correção de rota

Para o parlamentar, o país não soube se unir para combater o novo coronavírus e evitar que tantos brasileiros morressem (conforme o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nessa terça-feira, 30, são 317.646 óbitos pela doença). “É uma tragédia que tem várias faces e que nós, agora, estamos tentando corrigir. Pelo menos temos um ministro da Saúde (Marcelo Queiroga, que substitui Eduardo Pazuello) que tem um discurso mais aberto, de diálogo.”