Por Itasat
Os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza e o lançamento de foguetes pelos grupos palestinos Hamas e Jihad Islâmica contra cidades israelenses continuam a aumentar nesta quarta-feira. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, já são 50 as mortes confirmadas no território, enquanto Israel informa três vítimas.
O Hamas informou que dois de seus dirigentes militares - Rafah Salameh e Muhammed Yazuri - morreram nos ataques. Não está claro se eles estavam em um prédio de 13 andares atingido pelas Forças Armadas de Tel Aviv nessa terça-feira (11).
Além de Gaza, a agência palestina Wafa informou que um adolescente de 16 anos, identificado como Rashid Abu Arreh, teria sido morto por membros do Exército em Tubas, na Cisjordânia. É o segundo jovem que morre nas mãos dos militares, conforme informa a mídia local.
O Exército de Israel informou que registrou 1.050 foguetes em seu espaço aéreo e que 85% deles foram interceptados ainda no ar - além de 200 que explodiram no próprio território palestino. Em resposta, as Forças Armadas destacaram que já realizaram mais de 500 ataques "contra objetivos terroristas do Hamas e da Jihad na Faixa de Gaza".
Além dos ataques, o governo de Israel informou que prendeu 151 pessoas nas últimas 24 horas que participaram de um protesto em Lod. Nessa terça-feira (11), o premiê Benjamin Netanyahu declarou o estado de emergência para a área e disse que pretende visitar a cidade.
Nesta quarta, o primeiro-ministro voltou a ignorar os apelos internacionais para o fim do conflito e disse que "restituiremos a governabilidade e a ordem às cidades de Israel" e que o governo "tomou decisões de enviar mais forças e, se será, necessário usaremos um punho de ferro". Netanyahu ainda disse que os "líderes árabes deveriam condenar" os protestos em Lod.
Quem também se manifestou foi o presidente do país, Reuven Rivlin, que comparou os protestos da noite anterior na cidade ao programa de extermínio de judeus usados pelos nazistas na Alemanha. Para o líder "o pogrom de Lod por parte de um grupo de árabes com sede de sangue e exaltados" trouxe "cenas imperdoáveis".
Apelos internacionais
Os pedidos para o fim do conflito continuam a ecoar na comunidade internacional. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pediu que "palestinos e israelenses deem um passo para trás e ambas as partes mostrem moderação".
"O Reino Unido está profundamente preocupado com a violência crescente e as vítimas civis e quer ver uma urgente diminuição da tensão", acrescentou.
Após um telefonema oficial, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também pediram uma "redução na tensão" entre os dois lados.
Conforme o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a conversa entre os dois líderes "evidenciou o papel especial da Federação Russa, da União Europeia, das Nações Unidas e dos Estados Unidos na facilitação do processo de negociação sobre o conflito palestino-israelense".
Pressão interna
O conflito entre Israel e palestinos se desenvolve em um momento que o país vive ainda sua crise política. Após a quarta eleição em dois anos, Netanyahu fracassou em formar um novo governo e Rivlin encarregou o líder da oposição, Yair Lapid, de tentar formar uma base política para governar o país.
Ao lado de Naftali Bennett, Lapid atacou com firmeza o atual premiê e disse que o conflito não muda a visão sobre o líder.
"Não serão o Hamas ou as desordens em Lod a dirigir a nossa vida. Continuaremos a formar um governo. Os eventos da última semana, do Monte do Templo a Sheikh Jarrah, de Gaza a Akko, não podem ser uma desculpa para deixar Netanyahu em sua posição e o seu governo. Eles são a razão pela qual precisamos substituí-lo o mais rápido possível", destacou Lapid.
Já Bennett afirmou que Netanyahu e seu partido, o Likud, fracassaram. "A sua negligência nos conduziu ao fracasso e ao desastre", disse o político.
Conflito
A tensão entre palestinos e Israel explodiu na última sexta-feira (7), quando, durante um protesto pacífico contra o despejo de famílias de Sheikh Jarrad, um confronto entre policiais e muçulmanos deixou centenas de feridos. Desde então, a violência continuou a aumentar.
As famílias que seriam despejadas moram há décadas no local, que fica em Jerusalém Oriental, área que os palestinos desejam como a capital de seu futuro Estado. No entanto, Israel não reconhece a divisão e tem uma política constante de assentamentos em territórios palestinos.
Como resposta às ações policiais, o Hamas e a Jihad Islâmica começaram a lançar foguetes contra o território israelense. Por sua vez, as Forças Armadas iniciaram uma campanha militar contra alvos que pertencem aos grupos.