Por Itasat
Imagens de bombardeios na Faixa de Gaza rodam o mundo. O conflito histórico voltou a ter, em maio deste ano, páginas sangrentas vendidas ao mundo em publicações nas redes sociais e em outros meios de comunicação, mostrando o terror e o pânico de israelenses e de palestinos, com centenas de mortos.
Para entender as motivações da guerra, a Itatiaia conversou com o professor de relações internacionais Danny Zahreddine, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), que lidera um grupo de pesquisas sobre o Oriente Médio e o Norte da África.
Três motivos são apontados como estopim para os atuais conflitos, que centralizam duas questões: religião e ocupação de território.
• Desapropriação de terras palestinas;
• Final do Ramadão;
• Embate entre tropas na mesquita Al-Aqsa, local sagrado para os palestinos.
Para entender as motivações, no entanto, é necessário recorrer ao passado.
História
Em 1947, as Nações Unidas criaram resolução de partilha do território — até então controlado pelo Reino Unido — o que criou um estado árabe palestino e um estado judeu israelense. No ano seguinte, Israel consegue independência em uma área antes povoada por muçulmanos e árabes. O território, para as duas religiões (judeus e muçulmanos), é considerado sagrado.
Os árabes passam a habitar em quase totalidade a Faixa de Gaza, território (controlado pelo grupo radical Hamas) cercado e bloqueado por Israel. Em 1967 — na chamada guerra dos seis dias — forças israelenses, temendo possível invasão dos muçulmanos a Israel, atacaram Egito, Jordânia e Síria.
Territórios palestinos que estavam sob controle dos árabes, como a Faixa de Gaza, Jerusalém oriental e a Cisjordânia também foram afetados. As ações de Israel resultaram na desapropriação de terras palestinas.
Conflitos atuais
De volta a 2021, o clima tenso teve como estopim mais uma tentativa de invasão de Israel, em abril. Palestinos que viviam nas terras há mais de 50 anos foram ordenados a deixar os próprios lares. Houve resistência. “A polícia israelense responde com força, os manifestantes também, e o conflito se desdobra de maneira negativa”, explica o professor.
Em 12 de maio, quando teve fim o Ramadão (mês sagrado para os muçulmanos com base no calendário lunar), palestinos iniciaram protestos na Mesquita Al-Aqsa contra a apropriação de terras por parte de Israel.
A polícia israelense tentou, novamente, controlar a região da mesquita, gerando mais feridos. O grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza, fez ultimato ao governo de Israel para liberdade da região. Pedido não atendido. Em retaliação, o grupo disparou centenas de foguetes contra o território israelense, o que gerou o bombardeio de Israel à cidade de Gaza.
Muçulmanos em Israel
O atual conflito conta, também, com cidades de Israel divididas. Isso porque alguns territórios são ocupados não apenas por judeus, mas também por muçulmanos e árabes descendentes de palestinos. “A violência se espalha pelas cidades israelenses. É um quadro novo e muito difícil”, pontua o professor.
Fim da guerra e papel dos Estados Unidos
Quem poderia atuar como mediador dos conflitos? Para o professor, apenas uma nação: os Estados Unidos, país mais influente do mundo. Os norte-americanos, inclusive, são aliados de Israel e auxiliam, por exemplo, na cessão de recursos avançados de combate.
Entre eles, está um sistema capaz de identificar a chegada dos foguetes palestinos e destruir os artefatos. A tecnologia tem eficácia superior a 90% e tem sido determinante para que Israel sofra menos com a guerra. Por outro lado, com mísseis de ponta, os ataques à Faixa de Gaza são precisos e avassaladores.
“Infelizmente, o maior obstáculo é a complexa relação política que ocorre dentro de Israel, Palestina e Estados Unidos. Os Estados Unidos poderiam ser o principal fiador da paz mais justa e verdadeira para palestinos e israelenses. O país tem toda condição de ser essa força capaz de pressionar para o caminho de paz”, opina o professor.