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Sérgio Rodrigues: reunião com empresários cruzeirenses, dívidas na Fifa e salários atrasados

Em entrevista, presidente do Cruzeiro falou sobre os assuntos do momento no clube

16/06/2021 09h57
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Por Itasat

Em meio ao momento turbulento do Cruzeiro, o presidente Sérgio Santos Rodrigues aceitou conceder entrevista à Rádio Itatiaia e conversou dentro do programa Turma do Bate-Bola, nesta terça-feira. O mandatário falou sobre alguns assuntos do momento, como a saída do diretor técnico Deivid, o plano para quitar as dívidas em curto prazo na Fifa (tem até o fim deste mês para pagar R$ 7 milhões ao Defensor-URU pela compra de Arrascaeta em 2015), o interesse de empresários cruzeirenses em assumir o comando do clube, a situação com Pedro Lourenço e os salários atrasados.

Confira abaixo a entrevista em tópicos:

Sobre a saída de Deivid. Se sentiu traído?

"Não, de forma alguma [se sentiu traído]. Assim como quando sai algum jogador, quando saiu o [Ricardo] Drubscky [ex-diretor de futebol], a gente não fica apontando 'foi por isso, por aquilo'. A gente acha que simplesmente chegou o momento de encerrar o ciclo. Conversamos hoje, foi uma decisão em comum acordo. Então, isso está superado e vamos pensar para frente".

Planos para pagar dívidas Fifa e se foi procurado por empresários para quitá-las

"Em relação ao planejamento, só para tranquilizar o torcedor, não tem mais nenhuma punição passível de perda de pontos. O menos mal é aquela que impediria a gente de registrar jogador. Estamos caminhando para, nas duas próximas semanas, ter a situação resolvida para o [Campeonato] Brasileiro [Série B]. Estamos buscando uma solução com o Defensor-URU, ainda não chegamos a essa solução, para tentar parcelar ou alongar essa dívida [pela contratação do meia Arrascaeta] e não sermos tão prejudicados".

"Todo mundo viu que eu sou um grande defensor e corro atrás para a gente aprovar esse projeto do clube-empresa. Isso passa por reuniões desde dezembro [de 2020], janeiro [de 2021], com a própria eleição do senador Rodrigo Pacheco, autor do projeto. A gente acredita que a solução maior para o Cruzeiro vai ser essa. Quanto aos empresários, já falei com todos. Uns falaram que não têm condição profissional de ajudar, mesmo, porque se dedicam muito a suas empresas e outros a gente já tinha conversado. O próprio Vittorio [Medioli], já estive com ele umas três vezes.

Clube-empresa

“Desde o começo, sou um grande defensor e corro atrás pra gente aprovar esse projeto do clube-empresa. Tive em diversas reuniões na CBF, com parlamentares de outros estados e com outros presidentes de clubes. A gente acha que, realmente, a solução maior para o Cruzeiro vai ser essa (criação do clube-empresa), que vai resolver os problemas de forma definitiva”

Interesse de empresários em assumir comando do Cruzeiro (confirmou reunião na próxima segunda-feira com alguns deles)

“Quanto aos empresários, falei com todos. Da lista que saiu, só dois que eu não tenho amizade, mas eles são sócio-diamante. Dos outros, alguns são clientes do meu escritório [de advocacia], outros são amigos pessoais. Uns falaram que não tem condição de ajudar porque se dedicam muito às suas empresas e outros a gente já tinha falado muito. O próprio Vittorio [Medioli], já estive com ele pelo menos umas três vezes. A gente tem um grupo que fala sobre clube-empresa, que é liderado pelo Sandro Gonzalez, que é um grande empresário e que está com a gente na gestão desde o começo, e o Sandro fala permanentemente com o Vittorio e esteve no Conselho Gestor. Ele já participou de reuniões desse grupo com a gente, deu as ideias dele. O Aquiles [Diniz] eu ainda não havia falado diretamente, embora tenha essa relação pessoal, é um amigo do meu pai. Mas vendo a notícia de que ele empolgou, ligamos de novo”

“Inclusive, falando em primeira mão, já estamos marcando para segunda-feira uma reunião ampla desse grupo [de empresários], agora que o projeto [de clube-empresa] já está aprovado no Senado – falta aprovar na Câmara dos Deputados –, mas [será uma reunião] para trazer todos eles”

“Falei também com o Regis [Campos, da construtora Emccamp], com o Alex [Veiga], da Patrimar, com o Aloísio [Teixeira]. Uns vão [na reunião de segunda-feira] outros não. Mas qualquer outro que quiser chegar, pode vir porque não é difícil chegar na gente, estamos pronto para receber. Na segunda-feira, vamos sentar com boa parte desse grupo para entender qual é a ideia de cada um e como podemos desenvolver mais”

Contratações de reforços

"Podem ter certeza que a gente está trabalhando muito no mercado. A chegada do Pastana é para isso. A gente vai buscar essas melhoras, estamos olhando outros nomes no mercado. Mas, é claro, a torcida precisa entender o lugar em que a gente está. Às vezes a gente vai atrás de um jogador, que vê que o Cruzeiro está com salários atrasados e não vem, aí a culpa não é minha, é a herança maldita que a gente herdou. Temos que trabalhar com o que temos em mãos. A gente espera mais três ou quatro peças para poder agregar ao grupo."

Situação com Pedro Lourenço

“A gente sabe que se o Pedrinho quisesse ser presidente do Cruzeiro era só colocar o nome, nem precisava de eleição. Quando fui eleito, e já convidei outras vezes, disse para ele: ‘Pedrinho, você quer ser o vice-presidente de futebol do Cruzeiro? Pode tomar a definição que você quiser, não tem problema para mim’. Mas ele sempre falou que não, que vai ajudar no que pode, mas que isso aí eu não consegue assumir. Já fiz outras vezes esse convite”

Desentendimento com Pedrinho após eliminação para América, no Campeonato Mineiro

“Realmente, aconteceu esse fato na época do América. Pedi a ele para esperar mais um pouco porque acho que a gente está vendo uma evolução [no trabalho do técnico Felipe Conceição]. Sabia que ele era contrário, mas a gente continuou conversando. Falei para ele, não só ele, outros também têm opiniões divergentes. Por mais que ele seja essa figura principal que ajude a gente, mas nem sempre está no dia a dia, não está acompanhando o desenvolvimento do trabalho interno, que acho que é fundamental para entender o que é melhor para o clube naquele momento”

Dorival Junior

“O Dorival foi um cara que a gente chegou a procurar outra vez, mas ele falou que não iria treinar, porque está aguardando uma proposta de fora”

Salários atrasados de funcionários

“Infelizmente, não é só no Cruzeiro, é o futebol brasileiro. A questão da ação [Civil Pública movida pelo Ministério Público do Trabalho condenando o Cruzeiro por atraso de salários e multando o clube em R$ 100 mil por danos morais] eu acho um absurdo. No ano passado vocês lembram, o Santos chegou numa final de Libertadores com mais de seis imagens atrasadas, três ou quatro salários. Infelizmente, é uma realidade da grande maioria dos clubes. Exceto os clubes que estão em outro patamar de receita ou os clubes que têm quem banca, que chega no fim do mês o clube arrecadou 20, mas gastou 50, toma 30. Têm clubes que conseguem isso, nós não temos”

“Isso a gente responde com transparência, com as pessoas vendo que a gente está correndo atrás, buscando fazer a coisa acontecer. Em casos específicos, de quem tem uma pensão, um aluguel, a gente correr atrás e tira do bolso para ajudar e ver outras pessoas ajudando nisso. Tem que ser uma comunhão de esforços muito grande. Quando eu cheguei no clube já estava assim. Então, a gente foi colocando em dia e manteve um tempo, depois foi atrasando”

“Mas eu creio que quem está no Cruzeiro, está por amor, está porque quer. Eu faço uma analogia com o meu escritório. Eu não deixo de advogar para empresa que não me paga, ou para pessoa física que não me paga. A gente tem que ir com o mesmo carinho e dedicação, porque o meu prazer é advogar. A pessoa está ali, ele tem o direito de ficar chateado e exigir, mas o que a gente busca é essa transparência, de falar que vai atrasar, a previsão é tanto, eles estão vendo que a gente está cortando na própria carne todo dia essa questão de despesa. Não tem excesso mais, não tem cartão corporativo, não tem motorista. Eu ando com o meu motorista particular. A gente chegou no Cruzeiro e tinha dois ou três motoristas à disposição. A gente está cortando de todo lado. Quando eles veem esse esforço nosso, que a gente está buscando e a paixão por trabalhar lá, é isso que eu acho que a gente move e acaba que eles topam ‘ser cobrados’, mas não deixam de dedicar por causa disso. A nossa conversa com os jogadores é constante em razão disso, mas as respostas têm sido boas e a gente está correndo atrás para que isso seja superado”.