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Bronze!

Medalhista em Tóquio, judoca Daniel Cargin revela inspiração em CR7 para vencer luta

"O tempo todo eu pensava: é a minha última luta, vou dar tudo aqui", afirmou o atleta brasileiro

01/08/2021 10h09
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Por Itasat

Daniel Cargnin, de 23 anos, foi o primeiro medalhista brasileiro no judô dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Gaúcho de Canoas e disciplo de João Derly — bi-campeão mundial e medalhista de ouro no Pan do Rio em 2007 —, Cargnin venceu o israelense Baruch Shmailov para garantir o bronze no lendário Budokan.

E se engana quem pensa que os atletas não recorrem a outras modalidades como fonte de inspiração. Para buscar a medalha recorreu, como inspiração, ao futebol. "Eu coloquei um vídeo do Cristiano Ronaldo em que ele fala 'se você não acredita, quem vai acreditar'", revelou. 

"O tempo todo eu pensava: é a minha última luta, vou dar tudo aqui, não importa como eu sair do tatame. Treinei muito para isso", prosseguiu Cargnin. Encarar dificuldades foi a marca do judoca. Antes de embarcar para o Japão, ele teve um sério problema na preparação e testou positivo para covid-19. As adversidades o impediram de ser cabeça de chave nos Jogos Olímpicos.

O repórter Emerson Pancieri, da Rádio Itatiaia, acompanhou a entrevista coletiva online com o judoca ainda em solo japonês. Na ocasião, Cargnin deu detalhes como descobriu a contaminação pelo novo coronavírus. “Estava num treinamento na Rússia me preparando para o Mundial. Faltando uma semana fiz o RT-PCR [teste para covid-19], testei positivo e não fui para competição."

"No começo foi ruim, porque estava lutando para ser cabeça de chave e era a última chance para essa conquista. No ciclo inteiro estava em quinto e sexto até me contaminar. É importante ser cabeça de chave para não enfrentar os favoritos no começo. Um dia estava na casa do meu pai e disse para ele que queria ser cabeça de chave e ele falou: ‘Calma, se fora para ser teu, será, faz o seu possível’. E aquilo me deu uma tranquilidade”, afirmou. 

Caminho para medalha 

Daniel Cargnin disputou, contra o israelense Baruch Shmailov, o bronze no peso-meio-leve (até 66 kg) do judô, após ser superado, na semifinal da categoria, pelo japonês Hifumi Abe, quinto colocado do ranking mundial e que conquistou a medalha de ouro.

“Foi complicado quando perdi e fui para disputa de terceiro, porque é pouco tempo de uma luta para outra. A disputa de terceiro é difícil, já que parece que você vai do céu ao inferno naquele momento. Ou você vai ao céu com o bronze ou o quinto lugar que deixa um gosto bem amargo. E era um atleta bem forte que já tínhamos nos enfrentado e sai meio reflexivo. Não era um sentimento que eu gostaria de ter. Até aquele momento a confiança estava prevalecendo”, explicou Cargnin. 

Uma pausa nas redes sociais

O judoca contou também que saiu das redes sociais neste momento de competição, porque sabia que o assunto no Instagram seria Olimpíada. “Não queria me distrair com nada. Quando passou a competição eu vi minha mãe, familiares e amigos com a camisa Time Daniel. Pode ter certeza que isso valia muito para mim. Não imaginava que isso poderia acontecer e fiquei feliz de retribuir esse carinho. Sei que minha família me consideraria campeão mesmo se perdesse a primeira luta. E minha família ficava acordando e acompanhando”, disse. 

Sonho conquistado

O judoca reconhece que por trás do trabalho que resultou na medalha há esforço e agradecimento. “A carga emocional estava bem grande. Pedi a ajuda da minha família que eu ia fechar um pouco, mas prometi que voltaria para casa com o sentimento de dever cumprido. Não só com medalha e daria tudo de mim no tatame. Mesmo sem a medalha tenho noção que fui a melhor versão que eu poderia ser”, reiterou. 

“Tem muita coisa que não aparece nas câmeras como as pessoas que treinaram comigo. Faço parte da Marinha do Brasil, desde 2017, que me apoia desde então, e auxilia muito no caminho. A CBJ, o COB, a SOGIPA e também minha família e amigos são pilares da minha vida. Nada faria sentido sem essas pessoas. Antes da competição fizeram camisetas, mandaram mensagens e vídeos. Por isso, me senti campeão. Independentemente valeu a pena ver o apoio das pessoas por mim”, finalizou.

Judô por equipes

Daniel Cargnin se despediu do Budokan nessa sexta-feira (31), no oitavo dia de competições, quando enfrentou o holandês Tornike Tsjakadoea. O gaúcho venceu após emplacar um wazari. O resultado não adiantou, porque o judô foi eliminado na repescagem para Israel e encerrou as atividades nos Jogos Olímpicos. Os atletas já pensam no próximo ciclo olímpico visando Paris 2024.