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Depoimento

CPI da Covid: reverendo confirma realização de reuniões entre Davati e Ministério da Saúde

Na volta dos trabalhos, comissão também aprovou quebra de sigilos de Ricardo Barros

03/08/2021 14h06
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Por Itasat

A CPI da Covid reabriu os trabalhos nesta terça-feira (3), após 15 dias de recesso parlamentar, com o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula. Ele é considerado peça-chave no esquema de uso de intermediários pelo Ministério da Saúde para compra de vacinas.

O reverendo teria negociado, em nome do governo, a compra de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca com a empresa Davati. Emails indicam que ele propôs a compra de cada unidade por US$ 17,50, valor trêzes vezes maior do que o negociado pelo ministério com a Índia.

À CPI, ele confirmou a realização de três reuniões entre representantes da Davati e do ministério para negociar o fornecimento de 400 milhões de doses. A oferta inicial, segundo o reverendo, foi de pouco menos de US$ 3 por unidade, e a última, feita pela Davati, de US$ 17,50, com promessa de entrega em oito dias.

No entanto, ele afirmou que a Davati, representada pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti e por Cristiano Carvalho, não comprovou a existência das doses e nem a disponibilidade de entrega. O negócio, conduzido pelo então secretário-executivo do Ministério da Saúde, não foi concluído.

Amilton afirmou que sua ONG foi usada pelos intermediários da Davati. "Vimos um trabalho de mais de 22 anos de uma ONG, entidade séria, voltada para ações humanitárias, educacionais, jogado na lama."

Ele disse que não intermediou o fornecimento de doses de vacinas contra a covid-19 com Estados e municípios.

Quebra de sigilo

Antes da oitiva, a CPI aprovou as quebras dos sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático (de mensagens eletrônicas) do líder do governo na Câmara Federal, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), investigado por suposta participação em irregularidades envolvendo a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, e também do deputado Luiz Miranda (Democratas-DF), que denunciou o suposto esquema ilegal em depoimento à comissão.

O Ministério da Saúde cancelou o contrato para a compra de 20 milhões da Covaxin.