Por Itasat
A suspensão do jogo entre Brasil e Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo poderá gerar diversas consequências. No entanto, o regulamento da Fifa é vago e reafirma que caberá à entidade decidir o que fazer, permitindo interpretações variadas sobre os próximos passos que definirão a retomada do jogo ou punições às seleções envolvidas.
No regulamento que dá conta da organização das Eliminatórias da Copa do Mundo, o item 5 do capítulo "Disposições gerais" prevê situações de abandono da competição por seleções, além de partidas não jogadas ou abandonadas. No caso, o jogo da seleção brasileira se enquadra no item de partidas abandonadas.
Diante disso, uma possibilidade seria a punição da seleção argentina por W.O, que determinaria o placar de 3 a 0 para o Brasil. Isso porque os jogadores argentinos abandonaram o campo e se negaram a continuar o jogo sem os atletas que burlaram as regras sanitárias. Além do W.O, é prevista uma punição de 10 mil francos suíços.
Há um porém, em que se especifica a possibilidade de reconhecimento de "motivo de força maior". Nesse cenário, também cabe à Fifa o entendimento sobre o que é um motivo de força maior e sobre a possibilidade de determinar que a partida seja jogada novamente.
Se reiniciado, o jogo deverá retomar toda a sua conjuntura do momento da interrupção, incluindo atletas em campo e no banco de reservas, minutos jogados e punições eventualmente já recebidas. Assim, entende-se que os jogadores impedidos de atuar poderiam ser substituídos, mas sem reposição no banco de reservas.
No entanto, segundo informações do jornal Clarín, a seleção argentina deve alegar à Fifa que o Brasil é quem deve ser punido, por ter permitido a entrada de pessoas desautorizadas no campo de jogo, que seriam, no caso, os agentes da Anvisa e que, por isso, deixaram a partida e foram para os vestiários.
Além disso, o presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA), Claudio Tapia, assegurou que todos os protocolos foram cumpridos e que “não se pode falar de mentira porque existe uma legislação sanitária que rege todos os torneios sul-americanos" e que "as autoridades sanitárias de cada país aprovaram um protocolo que temos cumprido ao máximo”.
São muitas narrativas e informações ainda vagas sobre o jogo. Caberá à Fifa ouvir todas as partes envolvidas e, também, consultar a súmula da partida para tomar a sua decisão.
DÚVIDAS
Há, ainda, a questão: existia ou não um acordo para que os jogadores pudessem atuar? O Presidente em exercício da CBF, Ednaldo Rodrigues, disse que os delegados da Anvisa presentes na Neo Química Arena autorizaram a participação dos jogadores infratores no jogo, mas mudaram a determinação após o início da partida.
Já o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, informou que "desconhece algum tipo de acordo ou algum tipo de permissão para que assim ocorresse" e disse, ainda, que os jogadores foram orientados a iniciar imediatamente o isolamento no hotel e depois saírem do Brasil, mas descumpriram a ordem e foram para o estádio.