Por Itasat
O hidrogênio é considerado a energia do futuro e o etanol é fundamental para essa produção. Também por isso esse setor produtivo de Minas Gerais tem atuado ativamente para fechar negócios na Expo Dubai, exposição mundial que reúne tecnologia, cultura e excelência humana.
Minas é o segundo maior produtor e exportador de açúcar do Brasil. A partir da cana, além de produzir açúcar, álcool e etanol, pode também aproveitar o bagaço para gerar bioeletricidade. A intenção é instalar uma fábrica com essa finalidade no estado.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Etanol no Estado de Minas Gerais (Siamig) e do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), Mário Campos, está em Dubai e concedeu entrevista exclusiva à Itatiaia.
Neste ano, apesar das questões climáticas, o setor não vai fechar em queda. Devido à seca, houve redução de produção de cana de açúcar de 70 milhões de toneladas para 65 milhões. Porém, Campos garante que não houve prejuízos na produção do açúcar, etanol e energia elétrica no estado.
“Em termos de preço dos produtos, a gente está com bastante rentabilidade, isso demonstra a nossa capacidade de recuperação [...]. Depois de anos com dificuldade, temos notícias boas como a reativações de usinas, novos investimentos, expansões dentro do setor em Minas Gerais e uma melhoria inclusive na diversificação por parte das empresas”, destacou.
De acordo com ele, nem todas as empresas exportam energia elétrica e agora muitas possuem interesse em aumentar e diversificar para exportação, o que contribui para o segmento ser cada vez mais rentável no estado. “Minas Gerais é o segundo maior produtor de açúcar do Brasil e também o segundo maior exportador de açúcar do Brasil. O país é o maior exportador de açúcar, o maior produtor, o maior exportador de açúcar do mundo. E o mundo árabe tem interesse no nosso açúcar”, afirmou.
Campos ainda explicou que o açúcar é exportado para os Emirados Árabes, que realizam o processamento, importam o açúcar brasileiro, fazem o refinamento e depois exportam para outros países. “A gente tem essas parcerias ao longo do mundo, em vários países onde a gente consegue inserir o nosso produto”.
Referente ao etanol, o presidente da Siamig e do FNS ressalta que está em busca de “novos mercados ao redor do mundo”. “Por exemplo, a Índia, que é um país que já anunciou que vai misturar 20% de etanol em toda a sua gasolina, vai ter o modelo que o Brasil tem, que é o modelo onde o consumidor pode parar em um posto e abastecer o seu carro com etanol. O Brasil é o único país do mundo onde o consumidor pode escolher entre combustível renovável e um combustível fóssil no posto revendedor”.
Conforme Campos, a intenção é “exportar essa ideia” com o objetivo de sempre ter uma alternativa. “A gente acredita que, com biocombustíveis, a gente tem uma forma de tornar o motor, ainda combustão, com longevidade, e também temos aí as possibilidades de usar os modelos híbridos, que são os dois motores a combustão e o elétrico. No futuro, quem sabe, a gente entra nessa nova energia que é o hidrogênio, e o etanol é um cacho de hidrogênio. No componente etanol se tem hidrogênio dentro, uma possibilidade da gente transportar esse combustível líquido para o mundo todo.”
Com isso, um veículo de maior porte poderia usar o hidrogênio para se locomover. Campos destacou ainda que o segmento traz “muitas possibilidades” e que o Brasil “é protagonista nesse mundo canavieiro”.
“No Brasil, o etanol não é só de cana também tem etanol de milho, e lá em Minas no contexto do setor nós temos a possibilidade de ser produtor de biogás e, depois da purificação desse biogás, produzir biometano que é gás”, ressaltou.
Segundo Campos, a possibilidade de participar de uma feira mundial é discutir o futuro, além de o setor poder dialogar para “inserir cada vez mais os biocombustíveis” dentro da ideia da economia do futuro.
Produção de gás a partir da biomassa em Minas Gerais
Em São Paulo existe uma usina que produz gás a partir da biomassa e, de acordo com o presidente da Siamig e do FNS, pretende abastecer a cidade de Presidente Prudente, no interior paulista, a partir do próximo ano. Sobre a construção de uma unidade no estado, ele explicou que pode acontecer, mas no "futuro".
“Quem sabe a gente ter esse gás também na região do Triângulo Mineiro, onde não tem gás? Ali não tem gasoduto, ou seja, é uma forma talvez de suprir a necessidade da região. A gente tem possibilidades no futuro e, com certeza, em breve a gente vai anunciar”.
Para ele, a participação na Expo Dubai tem o objetivo de tentar inserir o etanol como alternativa. “Isso é o que a gente vem realmente buscando e, com certeza, falaremos desse assunto aqui”, finaliza.