Por Itasat
Quem é o melhor goleiro da história do Cruzeiro? Essa pergunta leva obrigatoriamente a três nomes, Raul, Dida e Fábio, que nesta quarta-feira (5), anunciou que não permanecerá no Cruzeiro por decisão dos novos comandantes do futebol do clube, que se transformou em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e passou a ser dirigido pelo ex-jogador Ronaldo.
Independentemente da resposta, uma certeza é de que a substituição dos dois primeiros não foi um processo tranquilo, que o Cruzeiro voltará a viver agora, com a saída de Fábio, que é titular do gol cruzeirense há 17 temporadas, com dois períodos de interrupção por causa de lesões.
Em 16 de julho de 1978, Raul, campeão da Taça Brasil, em 1966, e da Copa Libertadores, em 1976, entrou em campo pela última vez com a camisa cruzeirense numa derrota de 1 a 0 para o Bahia, que contou com um gol de Beijoca, na Fonte Nova, em Salvador, pelo Campeonato Brasileiro.
Nas 13 temporadas que passou no clube, venceu nove edições do Campeonato Mineiro (1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977), foi vice da Taça de Prata (1969) e do Brasileirão por duas vezes (1974 e 1975).
Seu substituto foi Luiz Antônio, que já tinha sido buscado pouco antes pelo então presidente Felício Brandi no América, de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.
Com a ida de Raul, já com 34 anos, para o Flamengo, Luiz Antônio assumiu o gol celeste. Falecido em 3 de setembro do ano passado, na sua última entrevista, que foi para a Rádio Bandeirantes, de São Paulo, ele resumiu assim sua passagem pela Toca da Raposa: “Não que fiz o torcedor esquecer o Raul, mas tive grandes atuações pelo clube”.
O período pós-Raul foi doloroso para o cruzeirense, que viu o maior rival, Atlético, ser hexacampeão mineiro entre 1978 e 1983.
Dida
Raul foi soberano como o maior goleiro da história cruzeirense até 1994, quando chegou ao clube Nélson Jesus Silva, o Dida, revelação do Vitória-BA, que tinha 1,96m e tinha se destacado no Campeonato Brasileiro do ano anterior, quando o rubro-negro baiano foi vice-campeão perdendo a taça para o poderoso Palmeiras, de Vanderlei Luxemburgo.
Foram cinco temporadas inquestionáveis de Dida no gol cruzeirense. Ele foi campeão da Copa do Brasil (1996) e da Libertadores. Além disso, ganhou quatro das cinco edições do Estadual que disputou (1994, 1996, 1997 e 1998).
Foi ainda vice-campeão da Supercopa (1996) e da Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Mercosul, as três em 1998.
Em 29 de dezembro de 1998 disputou seu último jogo pela Raposa, a derrota de 1 a 0 para o Palmeiras, no Parque Antártica, na terceira partida pela decisão da Copa Mercosul.
No ano seguinte, sem contrato com o Cruzeiro, não se apresentou ao clube após as férias. Tinha encaminhado um acerto com o Milan, da Itália, que o repassou ao Lugano, da Suíça, depois ao Corinthians. Para contar com seu futebol, o clube italiano fez um acordo com os dirigentes da Raposa pagando um valor ao clube que praticamente perdeu seu jogador.
Só em 1999, o Cruzeiro teve Rodrigo Posso, Maisena, Ronaldo e André como titulares do seu gol.
O clube venceu a Copa do Brasil em 2000, chegou ao bicampeonato da Copa Sul-Minas, em 2001 e 2002, e conquistou a Tríplice Coroa, em 2003. Apesar dessas taças, André (2000), Bosco (2001), Jefferson (2002) e Gomes (2003) não alcançaram a idolatria de Dida nem deram ao torcedor a segurança que o gigante que veio da Bahia dava.
Fábio
Em 2005, Fábio, que tinha passado pela Toca da Raposa em 2000, jogando principalmente no time sub-20, voltou ao clube. Agora já como a aposta para acabar com a maldição de Dida. E com o tempo conseguiu conquistar seu espaço, ganhar a confiança do torcedor, conquistar grandes títulos, como os bicampeonatos do Brasileirão (2013 e 2014) e da Copa do Brasil (2017 e 2018).
Foi acumulando jogos, marcas, recordes, e se transformou no jogador que por mais vezes vestiu a camisa cruzeirense, chegando aos 976 jogos.
O último deles foi em 25 de novembro do ano passado, o empate sem gols com o Náutico, num Mineirão lotado, na partida que marcaria a despedida do atacante Rafael Sobis, que encerrou a carreira.
Mal sabiam os 60.700 cruzeirenses que lotaram o Gigante da Pampulha naquela noite, que o confronto diante do Timbu significava muito mais do que isso. Era a última partida de um dos sinônimos de Cruzeiro, que é integrante da lista tríplice da eterna batalha pela condição de maior goleiro da história do clube.
Neste novo momento celeste, serão muitos os desafios. Talvez o maior deles arrumar o substituto de uma lenda chamada Fábio.