Por Itasat
Um adolescente, de 12 anos, apresentou ereção durante mais de 24 horas após contrair Covid-19. A informação é de um estudo realizado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Viena, na Áustria, publicado no periódico Urology. Conforme a pesquisa, outros casos semelhantes envolvendo pessoas adultas também foram associados à doença desde o início da pandemia.
“Como estudos epidemiológicos têm demonstrado, essas complicações não ocorrem apenas na fase aguda, mas também na fase pós-aguda da infecção, com maior risco de eventos tromboembólicos, mesmo em pacientes que não necessitam de hospitalização”, diz parte da publicação.
Dentro das complicações citadas, estão eventos tromboembólicos raros, como priapismo, que é uma ereção peniana sem relação ao interesse ou estímulo sexual.
Segundo a pesquisa, o adolescente chegou ao local “com uma ereção dolorosa persistente do pênis com duração de 24 horas”. Após exames, foi identificado que “os dois corpos cavernosos estavam rígidos, enquanto a glande estava flácida, sem sinais de alterações cutâneas, descoloração ou sensibilidade”.
O exame neurológico não apresentou nada de anormal e o adolescente não tinha histórico de doença hematológica conhecida. Porém, o paciente teve Covid-19 semanas antes do início do priapismo.
“Os exames laboratoriais, incluindo hemograma completo, contagem de leucócitos com diferencial de células sanguíneas, contagem de plaquetas e perfil de coagulação, não mostraram anemia ou outras anormalidades hematológicas. O paciente também foi testado para anticorpos SARS-CoV-2. Os resultados foram positivos, mostrando 171,00 U/ml”, destaca a pesquisa.
Após dezenas de testes, todos eles foram descartados e depois de 24 horas em observação e tratamento o adolescente recebeu alta. “Durante um seguimento de 8 semanas, o paciente não se queixou de recorrência de priapismo e confirmou ereções fisiológicas espontâneas”.
De acordo com os pesquisadores, quando o priapismo isquêmico não é tratado, 95% dos pacientes apresentam “necrose do músculo liso dependente do tempo, fibrose dos corpos cavernosos e disfunção erétil”.
A pesquisa ainda aponta vários casos de priapismo isquêmico em homens que já tiveram diagnóstico positivo para Covid-19. Dentre eles, um homem de 62 anos que teve priapismo com duração de quase 10 dias e outro de 39 anos, que não resistiu e morreu após 17 dias.
Outro caso é de um paciente, de 34 anos, que apresentou diagnóstico positivo para o coronavírus, mas era assintomático. Ele teve priapismo isquêmico e, mesmo com tratamento, teve disfunção erétil.
“Em nossa opinião, como nenhuma outra causa plausível pode ser identificada por exames meticulosos, o priapismo isquêmico dessa criança de 12 anos provavelmente está relacionado aos mecanismos patológicos descritos anteriormente induzidos pela infecção por SARS-CoV-2”, concluiu os pesquisadores.