As autoridades chinesas anunciaram ontem que identificaram mais 17 pessoas infectadas no país com uma nova forma de pneumonia viral, que matou duas vítimas e colocou outros países em alerta. No total, 62 casos do novo coronavírus foram registrados pela Comissão Municipal de Saúde da cidade de Wuhan, mas 19 receberam alta de um hospital, enquanto dois homens na faixa dos 60 anos morreram. Pelo menos meia dúzia de países da Ásia adotaram medidas excepcionais para evitar a doença.
Investigadores do Centro de Análise Global de Doenças Infecciosas, que assessora instituições como a Organização Mundial de Saúde (OMS), estimam que mais de 1,7 mil casos em Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes, apresentavam sintomas da doença desde o último dia 12. A maioria dos pacientes é do sexo masculino e com idade mais avançada.
O alerta de disseminação do vírus foi dado esta semana pela OMS, depois que os três primeiros casos constatados fora da China foram conhecidos na Tailândia e no Japão. As autoridades desses dois países alegam que os pacientes foram a Wuhan antes de sua hospitalização.
A investigação das autoridades constatou que vários pacientes trabalhavam em um mercado da cidade especializado no atacado de frutos do mar e peixes. O município tomou várias medidas, ordenando, em particular, o fechamento do mercado em questão, onde foram realizadas operações de desinfecção e análises.
RECEIOS DE EPIDEMIA
Os casos de pneumonia viral alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causa infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirros ou contacto físico.
As autoridades de saúde locais, entretanto, tentam tranquilizar a opinião pública garantindo que “o risco de transmissão entre humanos, se não foi excluído, é considerado baixo”, mas a epidemia alimenta o medo do ressurgimento do vírus altamente contagioso Sars (síndrome respiratória aguda grave), que matou cerca de 650 pessoas na China continental e em Hong Kong em 2002-2003.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, na última quinta-feira, que “ainda há muito a descobrir sobre o novo coronavírus”. “Não sabemos o suficiente para tirar conclusões definitivas sobre seu modo de transmissão”, informou.
A China não anunciou restrições de viagem no país. Já as autoridades de Hong Kong (Sul) reforçaram suas medidas de detecção nas fronteiras do território autônomo, em particular com detectores de temperatura corporal.
Os Estados Unidos anunciaram que vão monitorizar os passageiros dos voos provenientes de Wuhan para nos aeroportos em Los Angeles, São Francisco e Nova York.