Por Itasat
'Acordei no dia 24 para 25 com um bombardeio. Deu tempo apenas de pegar duas malas, meu carro e partir”. O relato é do jogador brasileiro Nivaldo Rodrigues Ferreira, 33 anos, que atua no Chaika Petropavlivska, da Segunda Divisão da Ucrânia. Nivaldo, a esposa e os três filhos estão em Varsóvia, na Polônia, onde vão embarcar para o Brasil. O jogador conversou com o repórter Lucas Ragazzi, enviado especial pela Itatiaia ao Leste Europeu.
Com passagens por vários clubes da Europa, Nivaldo disse que não acreditava na guerra. “A gente já estava por dentro de algumas coisas. Minha esposa queria sair da Ucrânia dez dias antes de começar a guerra. Só que eu não acreditava que isso fosse acontecer e então esperei. Infelizmente, aconteceu o pior”, disse.
Nivaldo mora em uma cidade nos arredores da capital Kievi e conta que o sogro e amigos de clube estão na linha de frente do combate “Ontem (terça-feira), conversei com o meu sogro e, aparentemente, está tranquilo, mas a tropa estava avançando”, disse. "A situação é extrema. Não tenho nem palavras para descrever o que está acontecendo lá", completou.
O jogador brasileiro conta que ficou três dias na fila até conseguir atravessar a fronteira com a Polônia. “Tinha o acesso pela linha de trem, mas esse acesso foi bombardeado. Agora, eles têm que viajar para outra cidade e pegar o trem elétrico. De carro tá difícil, porque é muita gente. Fiquei praticamente três dias na fila. Muitas pessoas estão com dificuldade de atravessar a fronteira, porque uns não têm carro e outros têm que andar 40,50 quilômetros. Chegando lá, você vai encontrar mais de 10 mil, 50 mil pessoas esperando. É um processo muito longo e muito lento”, descreve.
Em segurança na Polônia, Nivaldo diz que o mais importante agora é chegar com os filhos bem no Brasil e depois pensar no futuro. “Tenho algumas propostas para voltar pra Europa, mas agora é tempo de descansar um pouco, porque foi um tempo difícil”, concluiu.