Por Itasat
Caso a liga brasileira seja criada pelos clubes, a competição poderá se tornar uma das cinco maiores do mundo. Esta é a opinião de Javier Tebas, presidente da LaLiga que organiza o Campeonato Espanhol e que este em uma reunião com as equipes das Séries A e B do Brasileirão.
A avaliação de Tebas em relação ao potencial do Campeonato Brasileiro, caso a competição se torne uma liga de clubes, foi revelada por Fred Luz, executivo da consultoria Alvarez & Marsal, que também esteve presente no encontro e concedeu entrevista.
Confira a entrevista completa com o executivo da Alvarez & Marsal:
“Eu vejo com muito bons olhos esse movimento pela criação da liga do Brasil. Futebol brasileiro ficou muito atrasado em relação aos principais centros do mundo. A gente tem um produto muito subvalorizado, sem nenhuma penetração no mercado internacional. Apesar de o Brasil ter um dos melhores futebol do mundo ainda e ser grande exportador de jogadores. Na realidade, o país deveria estar se apropriando desse poder, que tem o interesse no mundo sobre o futebol brasileiro. Ainda mais porque no verão da Europa é férias e teria um espaço enorme porque o Campeonato Brasileiro está acontecendo.”
“Então, vale muito a pena os clubes se unirem em prol de criar um produto de muito mais valor para desfrutar desse valor. Como até o presidente da LaLiga que esteve aqui conosco hoje falou. Ele vê a possibilidade de a liga brasileira ser uma das cinco maiores do mundo, trazendo um valor enorme de qualidade e de capacidade financeira para os nossos clubes.”
Como foi esse encontro dos clubes brasileiros com o presidente da La Liga?
“O encontro foi muito bom. O presidente da LaLiga trouxe as práticas da liga espanhola, falou que para que os clubes tenham valor é preciso criar essa liga com uma definição clara da governança, com compliance, que é para que o investidor tenha controle sobre os gastos. Disse também ser necessário um terceiro pilar que é o controle sobre as finanças dos clubes para não permitir que os clubes acabem gastando mal o seu dinheiro e entrando na bancarrota.”
“Uma coisa interessante, na Espanha, depois da criação da LaLiga, a dívida dos clubes com o governo caiu de cerca de 1 bilhão de euros para cerca de zero. As reclamações de jogadores sobre não pagamento de salários também caíram a praticamente zero. Além disso, a LaLiga exerce um controle das finanças dos clubes não permitindo que eles entrem na bancarrota. E quem não cumpre tem penalidade financeira. É um belo de um exemplo.”
“E o quarto pilar é garantir que os direitos comerciais sejam vendidos todos juntos. Pra isso, é bem necessário que os clubes brasileiros se unam e acertem seus ponteiros porque tem muito mais valor neles estarem juntos do que eles estarem brigando por questões de divisão do dinheiro quando, na verdade, tem um potencial de até multiplicar por cinco vezes a geração de valor no futebol brasileiro. Acho que os clubes receberam bem. É uma boa experiência, uma experiência vivida que naturalmente pra ser aplicada ao Brasil demanda adaptações.”
Quais os próximos passos da Liga Nacional de Clubes?
“No nosso entendimento, o próximo passo é os clubes investirem em um pacto entre eles, estabelecemos na reunião isso como sugestão porque nós não queremos dirigir os clubes como sugestão. Seis tópicos, e dentro dos seis tópicos vários subitens para os clubes deliberarem. Nós temos opinião sobre melhores soluções pra cada um. Estamos dispostos a passar isso pros e está próximo deles na escolha deles. Uma vez que eles tenham feito essas escolhas e tenham se unido e definido, aí se tem um produto. Porque até agora o que tem é uma discussão equivocada. Está se pensando num cheque antes de organizar a liga. Cheque por falta de produto, por falta de organização, vai ser baixo, vai ser irrisório, ele vai tratar do valor da liga compatível com o futebol brasileiro de hoje e não com esse potencial de aumento de cinco vezes.”
“Uma vez que os clubes tenham feito isso, nós recomendamos que os clubes façam uma licitação que vai envolver a execução da governança da liga que nós propomos a fazer e também o valor do dinheiro e do cheque que vai vir. Esse cheque será tão maior quanto melhor for o produto definido pelos clubes e nós estamos prontos a participar desse processo na medida em que os clubes se organizem e queiram realmente fazer.”
O momento é propício para a criação da liga brasileira?
“O momento é extremamente propício para que isso aconteça, para que a liga seja formada. Porque tem muito dinheiro no todo disposto a investir no futebol e particularmente no futebol brasileiro. Isso não vai durar pra sempre. E os clubes também eles têm que olhar já o ano de 2025, quando não mais existirá o contrato da Globo sobre direitos de televisão que inspira no final de 2024.”
“Também pela necessidade de se trabalhar com planejamento e organização para ir nesse caminho de aumentar muito o valor que os clubes tem a receber. Essa briga entre eles de quem fica com quanto acaba empanando uma visão de aumentar muito o bolo pra que todo mundo ganhe muito mais. É um momento maravilhoso para fazer isso. Mas, como sempre, depende dos clubes.”