Cruzeiro: XP e equipe de Ronaldo destrincham para Conselho oferta de compra da SAF

Por Itasat

Em reunião na noite desta quinta-feira, no Parque Esportivo do Barro Preto, representantes da XP, da Alvarez & Marsal e do staff de Ronaldo fizeram uma apresentação detalhada ao Conselho Deliberativo sobre a proposta de compra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro pelo Fenômeno. Tudo para viabilizar a votação da próxima segunda (4), que decidirá pela aprovação do repasse dos centros de treinamento (Tocas I e II) à SAF, e da abertura de recuperação judicial para a associação. 

Após as explicações, foi aberto espaço para questionamentos do Conselho Deliberativo. A partir daí, o encontro ficou acalorado. Seis conselheiros fizeram perguntas (Mauro Soares de Freitas, Wanderley Paiva, Alvimar Perrella, Allyson Caires, José Eustáquio Lucas e Sérgio Murilo) e entraram em debate com Pedro Mesquita, head da XP, e com o presidente da associação, Sérgio Rodrigues.  

Em determinado momento do encontro, houve contestação por parte dos conselheiros, sem muitas perguntas, mas levando o debate para o campo político. 

Confira os principais assuntos abordados na reunião: 

Objetivos: voltar à 1ª Divisão neste ano e ficar entre os 12 melhores na Série A em 2023 

Durante a explanação de Pedro Mesquita e Gabriel Lima, líder da transição para SAF, demonstrou aos conselheiros valores que serão investidos no clube, além de objetivos esportivos de curto e médio prazos, como o retorno à Série A neste ano e a permanência entre os 12 melhores da Primeira Divisão em 2023, e da internacionalização da marca. 

Tornar Cruzeiro clube brasileiro mais conhecido no exterior 

No plano de longo prazo, o staff de Ronaldo quer reforçar a presença da Raposa no interior do estado e usar como alavanca a marca do Fenômeno para tornar o Cruzeiro o clube brasileiro mais conhecido no exterior. 

Metas 

- Cruzeiro quer terminar a temporada atual com 50 mil sócios e ticket médio maior que R$ 40,00 

- Aumentar em 30% o valor das receitas recorrentes 

- Mineirão como fonte de lucro e não de custo;  

- Organizar as dívidas na Fifa e na Câmara Nacional de Resolução e Disputas (CNRD) para não haver punições esportivas. 

- Redução de 66% do orçamento do departamento de futebol (já efetivado) 

Proposta da 777 Partners “não era viável” 

Pedro Mesquita revelou que 100 potenciais investidores se interessaram em comprar a SAF do Cruzeiro, sendo que 15 acordos de confidencialidade foram assinados e dois se transformaram em proposta. O head da XP explicou que, além da oferta de Ronaldo houve outra, não-vinculante como uma espécie de carta de intenções, mas que era “tecnicamente inviável”, de acordo com o executivo: “Para ela valer, o Cruzeiro teria que recomprar todas as dívidas com até 80% de desconto”. A proposta em questão era do grupo 777 Partners, que acabou fechando a compra do Vasco. 

Gastos de Ronaldo na SAF 

Foi revelado que Ronaldo gastou R$ 26 milhões no pagamento do transfer ban no início do ano. Assim, restam R$ 24 milhões a serem investidos pela assinatura do contrato (totalizando os R$ 50 milhões). A SAF ficará responsável pelo pagamento das dívidas tributária e as esportivas (Fifa e CNRD). 

Ronaldo pode deixar de ser sócio majoritário se não honrar investimento 

Caso Ronaldo não cumpra com o investimento proposto ao Cruzeiro (R$ 50 milhões no ato do investimento e R$ 350 milhões ao longo de cinco nos em receitas incrementais), ele poderá perder o controle do futebol do clube, ficando com menos de 51% das ações da SAF e deixando de ser o sócio majoritário. 

Comparação com Real Valladolid 

Gabriel Lima mostrou ao Conselho do Cruzeiro a situação em que se encontrava o Real Valladolid, da Espanha, quando Ronaldo assumiu o clube, e faz uma correlação com a Raposa. No entanto, Gabriel Lima destacou que a equipe espanhola tinha um quadro de endividamento “infinitamente menor”. A dívida era de R$ 300 milhões, nenhum jogador pertencia ao clube e tinha uma estrutura sucateada. 

Ainda de acordo com Gabriel Lima, em três anos, o staff de Ronaldo praticamente eliminou a dívida do clube espanhol que era de R$ 300 milhões. De todo o elenco, 95% dos jogadores passaram a ficar com os direitos econômicos ligados ao Valladolid. O investimento foi de R$ 80 milhões na infraestrutura, incluindo o estádio.