Por Redação
Pré-candidato ao governo de Minas, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) vai caminhar junto com Lula para levar a mensagem de que a aliança com o pré-candidato do PT à presidência da República representa a esperança dos mineiros em dias melhores. Em entrevista à Rádio Vitoriosa, de Uberlândia, nesta terça-feira (24 de maio), Kalil falou sobre a proposta de um governo humanizado, que atenda sobretudo as pessoas mais pobres. Em parceria com Lula, Kalil se propõe a cuidar de gente, combatendo a falta de alimento na mesa e de moradia digna em todos os cantos do Estado, mazelas que afligem inclusive as regiões mais prósperas, como o Triângulo Mineiro. Acompanhe a entrevista de Alexandre Kalil:
RÁDIO VITORIOSA: Final de semana passado teve um desfecho da dobradinha Lula e Kalil. Comente como se chegou a esse apoio:
ALEXANDRE KALIL: Nós vamos caminhar junto com o presidente Lula. Foi uma conversa política, são dois partidos grandes e não interessa muito à população como foi. O acordo está feito. O Lula vai apoiar o Kalil e o Kalil vai apoiar o Lula. Vai apoiar porque nós temos agenda em comum. É um engano a gente achar que o Triângulo, Uberlândia, não precisam de um governo que dê atenção, que cuide das pessoas, um governo que tenha uma visão humana de tudo, diferente do que está acontecendo hoje em Minas e no Brasil. Então, o importante é que Lula apoia Kalil e Kalil apoia Lula. Isso pra mim é motivo de orgulho, não tenho nenhum constrangimento, nós temos agenda em comum, pautas em comum, pensamos da mesma forma na maioria das coisas e discordamos em outras. Mas o importante é que a aliança está feita e nós vamos mostrar para o Brasil inteiro que ela vai vir para o bem de Minas e para o bem do Brasil.
Você não é o clone do Lula, mas existe alguma semelhança entre vocês dois?
Governar é cuidar. Governar não é sentar lá, andar de helicóptero e ficar de conversa mansinha. É liderar, é cuidar, é ajudar. Nós temos essa agenda em comum, sim. Eu digo sempre que é muito importante, porque parece uma bobagem quando você fala que o cara parou de comer carne, parou de tomar sua cerveja. Isso, para essa elite, é uma bobagem. Mas não é uma bobagem. Você cortar uma coisa que a gente já tinha é muito difícil. Quem nunca teve, nunca teve. Mas nesse Brasil e em Minas Gerais já foi melhor do que é hoje. Quando se fala que a base de tudo é manter salário em dia, nós estamos sendo pequenos demais. Manter salário em dia é muito importante, mas alimentar esse povo faminto, dar o direito para esse povo viver com dignidade, isso não é demagogia, é empatia. Isso é acreditar no que você faz, tentar fazer no governo de Minas o que foi feito em Belo Horizonte. Nós não estamos aqui prometendo. Nós estamos falando do que sabemos fazer, porque fizemos isso em Belo Horizonte. Na época do desespero, da penúria, do desemprego, nós subimos morro, entramos em vilas, nas favelas, nas vielas e entregamos cestas-básicas alimentando o povo com fome. Para os alunos que precisavam de merenda, foi dada cesta-básica para todos. Não deixamos ninguém com fome, porque não tem nada pior, nada mais nojento, odiento, do que o povo passando fome. E essa elite, esses empresários, achando que tá tudo bem, muito obrigado.
Aqui em Uberlândia, as pessoas que não têm casa própria pagam aluguel de R$ 600, R$ 800, e não estão conseguindo pagar. Faço um pedido: caso seja o governador, não esqueça desse povo, como não esqueceu em Belo Horizonte. Eu tenho certeza que o senhor vai olhar para esse povo de Minas Gerais.
Acabaram com o Minha Casa Minha Vida, o projeto habitacional do Brasil. Nós temos um governador que fala que agora ele vai arrumar estrada. Nós temos um Estado onde nunca chegou uma ajuda humanitária. Nós não estamos falando em tirar imposto de empresários, igual eles fazem. Tirar um 1 bilhão (de reais) por ano de imposto de empresário. É levar o sustento mínimo, a ajuda, o remédio. O que nós fizemos em Belo Horizonte foi simplesmente levar sabão, álcool, numa época muito dura para esse povo. Levar comida para colocar na mesa. Quem não tem empatia acha que isso aí não importa, que onde vai morar não importa. Nós aqui (em BH) legalizamos ocupações, que isso não podia continuar. Nós temos ocupações em Uberlândia, no Triângulo, e nós temos que dar jeito, temos que olhar para esse povo, e não jogar ele na rua. Eu fico chateado, triste, porque estão sendo feitas coisas muito nojentas neste país. E o povo não está entendendo o que está sendo feito com eles. Eu tenho certeza que com o Lula na Presidência da República e o Kalil no governo de Minas, pelo menos uma coisa o povo pode ter certeza: vai ter uma tentativa. Nós temos que ter esperança, não podemos ficar desesperançosos, o povo tem que ter esperança de que a vida vai melhorar. O que nós vamos poder fazer, a gente nem sabe ainda. Mas se você tiver um presidente da República como o Lula e um governador como o Kalil, que vão tentar te ajudar, a sua chance é melhor do que o abandono.
Romeu Zema e Bolsonaro tentam minar essa aliança (Lula/Kalil)?
Tentaram, mas agora ela já está feita. Tentaram de tudo. Quando o bem quer se unir, o mal é muito fraco. O que eu quero é isso: que pare com essa imagem de que Uberlândia é uma cidade muito rica, que o Triângulo é milionário, que pode largar o Triângulo pra lá. Dos dez piores trechos de estradas de Minas Gerais, três estão no Triângulo. Não está tudo bem, a não ser para meia dúzia de três ou quatro. Está muito ruim, tudo muito abandonado. Então eu quero levar minha mensagem para o povo do Triângulo. Muito prazer, eu sou o Alexandre Kalil. Não faço promessas e não minto, mas eu quero olhar para esse povo que tá precisando. O governo é feito para cuidar de gente, para cuidar de ser humano, e não para cuidar de meia dúzia de empresários ricos.
O PSD é um partido grande em Minas Gerais, presidido pelo (Gilberto) Kassab. Aconteceu uma reunião na casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, onde foi selada essa aliança. O senhor pode detalhar como foi, se teve resistência?
A reunião foi na casa do presidente Lula. Nós fomos lá roubar um café dele e comer o pão de queijo paulista, que não é igual ao nosso. O Kassab foi, nós tivemos um café da manhã com o presidente Lula, onde nós selamos esse acordo. O Lula é um cara com quem eu tenho convivido e eu noto uma sensibilidade muito grande, uma esperança em um país melhor. Foi feito o acerto, o PT vai nos acompanhar na nossa chapa, nós vamos trazer a mensagem do presidente Lula para Minas Gerais inteira. Inclusive, provavelmente, segundo o próprio presidente Lula, a primeira agenda nossa deve ser em Uberlândia. O que tem sido falado por nós, um pedido do presidente Lula e meu, é que a gente quer levar a mensagem de humanizar esse Estado, de ter um olhar humano e de cuidar das pessoas. E Uberlândia, além de ser a segunda maior cidade (em número de habitantes) do Estado, é a maior cidade do Triângulo.
O líder do bloco de oposição ao governador Zema, o (deputado) André Quintão, do PT, pode ser seu vice. Já está definido?
Nós estamos conversando. O André é um grande nome, é um assistente social, tem uma profissão que é cuidar das pessoas. Então ele molda bem esse perfil que a gente quer para Mina Gerais. Nós estamos conversando sim, é um nome ventilado, estamos construindo isso juntos, deve sair essa semana, mas o André Quintão é um bom nome, ligado a esses movimentos de ajudar as pessoas, ter humanidade, então ele é muito bem-vindo à chapa se a gente chegar a um denominador comum.
O senhor foi reeleito de forma muito grande para o segundo mandato (de prefeito de BH). Fale sobre isso pra gente.
A reeleição é o resultado da entrega. Eu não dei um passo na rua, porque a gente estava numa pandemia. O que a gente fez no primeiro mandato foi entregar para a população saúde, remédio, atendimento, aumento de médicos, de enfermeiros. E o papo com o povo é reto. Você vai lá e entrega, melhora a vida das pessoas, ampara, cuida e espera o resultado na urna, que ele vem. Foi isso que aconteceu comigo em Belo Horizonte. Eu cuidei de muita gente durante todo o meu mandato. Eu não fiz politicagem no final de mandato. Cuidei das pessoas quatro anos. E no dia da eleição eu fui buscar a resposta do povo que foi cuidado. E a resposta foi o prefeito com o maior número de votos em primeiro turno na história da nossa cidade. O povo pobre, que precisa, o povo que trabalha, o motorista de táxi, o motorista de Uber, ele tem uma coisa, ele reconhece o que foi feito por ele. O povo brasileiro tem essa grande qualidade, reconhece tudo que foi feito por ele.
O Tesouro Nacional informou que Minas vai mal em crescimento. O que o senhor pretende fazer? Dar emprego ou cesta-básica?
A gente quer empregar. O que traz emprego é a indústria e o que traz a indústria é a infraestrutura. Nós temos uma malha rodoviária espatifada. Segundo o próprio governador do Estado diz, parece que Minas Gerais foi bombardeado igual a Ucrânia. Estou repetindo as palavras dele. Parece que o culpado pelas estradas de Minas estarem liquidadas é o carro. Se não for o carro que passa em cima, é o governador que tem que cuidar da estrada. O que traz emprego é o empresário, tratado com respeito pelo Estado, com infraestrutura, com malha rodoviária, para ele gerar receita para poder ajudar o pobre. Esqueceram que a Itambé, que é uma das maiores empresas de laticínios do mundo, saiu de Minas Gerais e foi para Porto Alegre. Porque aqui não dá, aqui não anda, aqui não tem estrada, aqui está tudo acabado. Quando traz (empresa para Minas) fala muito e quando perde não fala nada. O que nós queremos é dar para o agronegócio estrada, estrada vicinal. Nosso binômio principal é infraestrutura e saúde, infraestrutura e indústria, é produção. Pois é com produção que o governo pode cuidar das pessoas. O resto é mentira, é ajudar quem tá aí com meia dúzia mandando dentro de uma Federação de Indústria e fazendo o que quer. Nós temos um rei que reina mas não governa e não cuida de quem ele tem que cuidar. Ele foi eleito por todos, inclusive pelo Triângulo, e o que ele tem aí é meia dúzia de amigos falando bem dele e ninguém pergunta porque, você vai votar porque? Essa pergunta que eu quero deixar para o Triângulo Mineiro. Vai votar no governador, vai reeleger o presidente da República, então me digam pelo menos porque, pois eu não estou vendo nada que foi feito neste Estado e neste país.
Como o senhor acredita que vai virar o jogo? As pesquisas apontam uma liderança folgada até então, mas começaram a apontar uma queda do governador em 10 pontos. O senhor espera virar como?
Eu respeito pesquisa, mas acredito que pesquisa está fora de hora. Não acredito nem em ele tá com essa liderança folgada e nem que ele perdeu 10 pontos. Acredito que isso é muito volátil. Nós vamos levar a mensagem, chegar aí no Triângulo e avisar para esse povo e vamos perguntar porque. Nós vamos mostrar o que foi feito em Belo Horizonte, que é maior do que muito Estado desse país. Nós vamos mostrar como se faz. Aqui não tem eu prometo que vou fazer. Eu prometo que eu vou repetir a gestão que eu tive na prefeitura. E na hora que chegar na minha reeleição para o governo, eu não vou ter que me pendurar em helicóptero e ficar dois anos fazendo campanha e prometendo o que não vai cumprir. E pegando dinheiro de um soterramento de 300 pessoas para Minas Gerais poder fazer o mínimo possível. O Bolsonaro, que é o grande amigo do governador Zema, não trouxe um investimento descente para Minas Gerais. E isso eu tenho apalavrado com o presidente Lula. Minas Gerais vai voltar pro mapa, Minas Gerais vai ter investimentos, vai ter gente cuidando de gente com investimento. Minas Gerais é o segundo Estado da Federação, é um Estado rico e tem que ser respeitado. Na época do presidente Lula nós tínhamos cinco ministros de Estado e hoje nós não temos nenhum. Minas Gerais é tratado por esse governador e por esse presidente da República igual a um lixo, e Minas Gerais não é isso.
O senhor é da iniciativa privada. Na Prefeitura de BH, como o senhor viu a atuação do servidor público e o que pretende colocar em prática entre os servidores de todo o Estado?
Eu trouxe o servidor para a mesa e conversei. Agora tem uma propaganda mentirosa na televisão, pois deram dinheiro para gastar com propaganda de pandemia. Não enfrentaram a pandemia. Quem foi lá na frente, na guerra, como alguns prefeitos foram, sabe o valor do servidor público. Sabe o que eles sofreram na pandemia para atender esse povo. E não tinha esse negócio de riquinho não. O rico tinha que tomar vacina em posto de saúde. Não tinha lugar em hospital de luxo para internar rico não. Tiveram todos que depender do serviço público. Foi uma lição que eu tomei na minha vida e eu acho que todo brasileiro, todo mineiro, deve ter tomado. Quem vacinou, quem atendeu seu pai, seu filho, sua mulher, foi o servidor público. Tem que ser respeitado e levado para a mesa. Agora vocês vão assistir propaganda de um governo do Estado que não fez nada, absolutamente nada. Bem ou mal, quem cuidou dessa pandemia neste Estado foram os prefeitos, por ordem do Supremo Tribunal Federal. Minas Gerais não liderou nada, não fez nada, nem aplicar uma mísera vacina, que era serviço só do prefeito.
Na opinião do senhor, porque o governador Romeu Zema colocou os salários dos servidores de Minas Gerais em dia?
Porque é obrigação dele. Isso não é plataforma de governo. Porque vai entregar o Estado pior do que pegou. Quando eu ganhar a eleição para governador de Minas eu não vou ficar falando de Zema não. Ele vai entregar o Estado esfrangalhado, com 33% mais endividado. Foi o único governador de Minas que não pagou um tostão da dívida de Minas. Só que ele vai cair no esquecimento, eu não vou ficar falando do governo passado não. Eu sei o que eu estou enfrentando, sei o que eu vou enfrentar, como enfrentei na Prefeitura de Belo Horizonte. E vou resolver, e vou cuidar de gente. Eu não vou ter tempo pra falar que ele esfrangalhou, que ele desgraçou o governo de Minas. Isso são números, tá aí pra todo mundo ver. Arrecadou 90 bilhões (de reais) a mais por causa desse imposto indecente dos combustíveis e energia elétrica e vai deixar 40 a 50 bilhões a mais de dívidas em quatro anos. São números, não é o Kalil que é bravo não, a matemática que é muito cruel.
Polícia Militar, Prisional e demais. São sete anos de defasagem (salarial). O que o senhor vai fazer?
Trazer para a mesa, como eu fiz com a Guarda Municipal. O que não pode é prometer, mandar um projeto para a Assembleia Legislativa prometendo um aumento de 40% e dar 11. Esse estopim da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Sistema Prisional, enfim, de toda a segurança pública, isso não foi feito por eles. Foi feito por um governo demagogo, que escreveu, assinou, mandou para a Assembleia, foi aprovado e não cumpriu. Ninguém é obrigado a prometer nada, como eu não prometo em campanhas políticas. O que eu prometo para o servidor público é vir pra mesa discutir. Assunto de segurança pública, no grau que chegou ao nosso Estado é para o governador de Minas resolver e sentar na mesa. Como toda crise que se abateu, como a pandemia, a chuva que desgraçou nossa cidade, a greve que botou 60 mil pessoas na rua, o governo estava sempre debaixo da mesa, debaixo da cama, escondido. Lugar de governar não pode ter um rei que reina e não governa. Quem tá lá é para cuidar de pessoas. Servidor é pessoa, enfermeiro é pessoa, médicos são pessoas, policiais são pessoas, são seres humanos e têm família. Falar que dar aumento é igual drogar o filho. Esse povo tem família em casa para dar comida. Tem que tratá-los com respeito para ser respeitado.
O senhor fala a linguagem do povo, o senhor é povo, o senhor é mineirão, do jeito da gente mesmo. O senhor fala o que o povo precisa ouvir. Não é feitio do Kalil mentir pra ninguém, né?
Não. O povo não aguenta. É covardia, é sacanagem, é maldade com o povo. Que esse povo de Uberlândia saiba que vai ser o Lula e o Kalil, o Kalil e o Lula. Falem aí, propaguem aí, porque o que eu prometo é cuidar, é tentar, é lutar para dar uma vida melhor para esse povo de Minas Gerais, que tá sofrendo tanto e tão abandonado pela conversinha mole e mansinha, que tá desgraçando e liquidando o nosso povo.
Se tiver alguma colocação, fique à vontade
Quero deixar uma mensagem ao povo do Triângulo, a todos que nos ouvem, de que nós merecemos uma oportunidade. Levem o nosso nome. Levem, que o Kalil e o Lula, nós temos uma chance de melhorar esse Estado. Então é Lula e Kalil, e Kalil e Lula. Com muito orgulho eu tenho ele como meu companheiro de campanha, ele me tem como companheiro de campanha, e nós vamos virar esse jogo. É só todo mundo falar e se conscientizar que nós temos que ter esperança lá na frente. Um beijo para todo mundo.