Com Itasat
Imagens divulgadas pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) nesta terça-feira (12), mudaram a forma como o ser humano pode ver o Universo. Por conta do supertelescópio James Webb, foi possível ver a primeira imagem colorida do momento mais profundo do Universo: um aglomerado de galáxias conhecido como SMACS 0723, há 4,6 bilhões de anos, definido pelo presidente Joe Biden como "um dia histórico".
Uma das principais divulgações da novidade, e que deixou muitas pessoas com inúmeras dúvidas, diz respeito ao fato de que o equipamento nos permite "ver o passado". A reportagem da Itatiaia conversou com o professor Carlos Eduardo Porto Villani, do Colégio Técnico da UFMG (Coltec) e coordenador de Astronomia no Espaço Conhecimento da universidade. Ele explica que sim, é possível ver o passado pelo telescópio.
"Como as estrelas estão muito distantes, a luz que é enviada pela estrela demora um tempo para chegar até os planetas. Se o Sol explodisse agora, a gente só saberia daqui 8 minutos, que está cerca de 8 minutos e 12 segundos luz de nós. Quando a luz chega até nós, o evento já ocorreu, então a luz emitida pela estrela já foi emitida anos atrás", detalhou.
O professor ressalta que, "na Astronomia, falamos que quando estamos olhando para o céu, na verdade estamos vendo um pouco do passado". Como o telescópio James Webb tem uma área muito grande, Villani pontua que ele consegue reproduzir uma nitidez de luz muito grande, e muito superior a de outros, porque ele capta mais luz com menos deformação.
"Fotografar é escrever com a luz, então como a quantidade de luz emitida por uma estrela é muito pequena, algumas da técnicas mais usadas envolvem deixar o obturador da máquina aberto muito tempo para ele ir captando mais luz. Tem fotos que demoram anos para serem tiradas, porque batem a foto várias vezes e fazem sobreposição de luzes, e cada frame se sobrepõe até formar algo mais nítido", adicionou.
"Quanto maior é a lente do telescópio, mais luz ele capta no mesmo ponto. É uma relação do tamanho com o tempo. Quanto maior é o telescópio, menos tempo ele demora para fazer uma imagem nítida de objetos. No James Webb, fizeram um telescópio gigantesco, então ele capta uma quantidade de luz muito grande, e com precisão enorme", finalizou o professor.
O James Webb Space Telescope (JWST) é fruto de uma parceria entre as agências espaciais norte-americana (Nasa) e europeia (ESA). Ele tem como principal característica a captação de radiação infravermelha.
A expectativa é que este observatório permita aos pesquisadores observar a formação das primeiras galáxias e estrelas. Além de estudar a evolução das galáxias, os pesquisadores poderão também observar a produção de elementos pelas estrelas e os processos de formação de estrelas e planetas.