Com Itasat
A operação de busca do FBI na mansão do ex-presidente americano Donald Trump em Palm Beach, Flórida, foi algo sem precedentes e surpreendeu os Estados Unidos.
Porém, as informações sobre a revista do suntuoso imóvel no resort Mar-a-Lago seguem escassas. A seguir, o que se sabe até agora.
Como foi a operação?
Na manhã de segunda-feira (9), um grupo de agentes do Federal Bureau of Investigation (FBI, a polícia federal dos EUA) - cerca de 30, segundo estimativa do filho de Trump, Eric - chegou a Mar-a-Lago.
Trump estava em Nova Jersey na hora. Não foi uma invasão a força, já que o FBI avisou o Serviço Secreto, que protege o ex-presidente, antes de chegar, de acordo com a rede NBC.
Lá dentro, passaram horas revistando a residência. Abriram, inclusive, uma caixa forte. O portal político, citando uma fonte familiarizada com os fatos, indicou que os agentes levaram “registros em papel”.
“Nunca aconteceu antes com um presidente dos Estados Unidos nada como isso”, disse Trump em um comunicado, em que descreve as buscas como “desnecessárias e inapropriadas”.
O que o FBI está investigando?
O Departamento de Justiça e o FBI não se pronunciaram sobre a investigação.
Segundo especialistas, a realização de buscas direcionadas a Trump, que pode voltar a disputar a Casa Branca em 2024, é algo tão politicamente sensível que precisaria ser aprovado pelo procurador-geral Merrick Garland e o diretor do FBI, Christopher Wray.
O FBI deve ter precisado de uma ordem judicial, o que exigiria a revisão de um juiz da justificativa para entrar na casa de um ex-presidente. Mas o mandado, que poderia revelar a natureza da investigação, permanece em segredo.
Seamus Hughes, subdiretor do Programa sobre Extremismo da Universidade George Washington e especialista em documentos judiciais, afirmou que o promotor federal do sul da Flórida mantém as ordens seladas.
“Cada distrito judicial pode estabelecer suas próprias regras locais para o acesso do público a documentos”, explicou.
Documentos confidenciais?
Eric Trump disse à Fox News que a operação estava relacionada a acusações sobre uma grande quantidade de documentos que o presidente levou consigo quando deixou a Casa Branca em janeiro de 2021.
No início do ano, o ex-presidente foi obrigado a entregar 15 caixas desses documentos aos Arquivos Nacionais, a instituição que controla os registros presidenciais.
Posteriormente, os Arquivos informaram ao Departamento de Justiça que as caixas incluíam alguns documentos altamente confidenciais.
As buscas de segunda-feira sugerem que havia mais arquivos desse tipo em Mar-a-Lago.
“O propósito das buscas, pelo que disseram, foi porque os Arquivos Nacionais queriam corroborar se Donald Trump tinha ou não algum documento em seu poder”, afirmou Eric Trump.
É ilegal guardar documentos presidenciais?
A Lei de Registros Presidenciais determina que todos os documentos relacionados a assuntos oficiais devem ser entregues aos Arquivos Nacionais. Mas violar essa norma traz poucas consquências.
Por outro lado, a legislação americana proíbe estritamente que as pessoas retenham documentos confidenciais, o que pode levar a severas penas de prisão.
Uma indicação de que a investigação poderia envolver materiais confidenciais foi uma visita a Mar-a-Lago em junho por parte do chefe da Seção de Controle de Exportações e Contrainteligência do Departamento de Justiça, segundo a CNN.
Essa seção supervisiona os casos que afetam a segurança nacional, como os de espionagem e sabotagem, assim como os que envolvem americanos que fazem lobby por governos estrangeiros.
Trump está sob investigação?
A operação de buscas não significa necessariamente que Trump esteja sob investigação por um crime.
Os documentos buscados podem ser necessários para outras investigações ligadas a membros de seu governo, inclusive para a investigação do ataque ao Congresso de 6 de janeiro de 2021 por centenas de apoiadores de Trump.
Porém, a natureza das buscas, dizem os analistas, sugere algo muito mais significativo.
Andrew McCabe, ex-subdiretor do FBI, afirmou à CNN que parece inimaginável que se trate simplesmente de material dos Arquivos Nacionais. “Devem ter muito mais que isso”, disse.