Com Itasat
Passadas horas do atentado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, autoridades policiais do país vizinho tentam desvendar as circunstâncias que levaram a um brasileiro de 35 anos de idade a apontar uma arma e disparar duas vezes de uma distância de cerca de 20 centímetros do rosto de uma das figuras políticas mais importantes da história recente da Argentina.
Mais de uma dezena de pessoas prestaram depoimento e o autor do ataque foi detido e interrogado - apesar de ter preferido ficar em silêncio.
Agora, os investigadores querem saber se ele agiu sozinho ou se teria comentado sobre uma possibilidade de ataque com mais alguma outra pessoa conhecida.
Veja o que se sabe até agora sobre o atentado contra Cristina Kirchner
Quem é o autor do ataque?
A identidade do autor do ataque contra a vice-presidente da Argentina foi revelada poucas horas depois que os primeiros vídeos que registraram as tentativas de disparos contra a peronista começaram a pipocar nas redes sociais. Trata-se de Fernando Andrés Sabag Montiel, um homem de 35 anos nascido em São Paulo, filho de mãe argentina e pai chileno, e que vive na Argentina há cerca de 20 anos.
Fernando Montiel, também conhecido como Fernando Salim, tem uma tatuagem da figura do "sol negro", um símbolo bastante utilizado por grupos neonazistas. Ele seguia perfis ligados a discurso de ódio. Semanas antes do ataque, ele deu entrevistas a um canal de TV argentino em que fez críticas duras a políticas sociais do governo e defendeu a extradição de estrangeiros.
Montiel, que era motorista de Uber, também já havia sido fichado pela polícia por porte de arma branca, apreendida quando ele trabalhava. Ele disse aos policiais que a arma era para autodefesa.
Qual foi a arma utilizada no ataque?
Fernando apontou uma Bersa calibre .32 contra o rosto de Cristina Kirchner. A arma estava carregada com cinco munições. A Polícia Federal concluiu que a arma estava apta para o disparo, mas falhou no momento em que ele apertou o gatilho - por duas vezes. A pistola tinha parte da numeração raspada.
Agiu sozinho ou houve cúmplices?
De acordo com jornais argentinos, a juíza federal Maria Eugenia Capuchetti suspeita de Fernando Montiel não atuou sozinho e teve cúmplices para cometer o crime. Os investigadores fizeram a reconstituição do trajeto feito por ele e analisaram imagens de câmeras de segurança para levantar informações, mas o processo está sob segredo de Justiça.
Depoimentos
Até o momento, mais de 10 pessoas prestaram depoimento à Justiça, boa parte delas, policiais que estavam responsáveis pela segurança da vice-presidente Cristina Kirchner. Ela própria também foi ouvida pela juíza Maria Eugenia Capuchetti, em depoimento tomado em sua própria casa.
Além disso, um homem identificado como Mario, que conhecia Fernando Montiel também foi ouvido. Ele negou que fosse amigo próximo do autor, mas disse que, pelo que conhecia dele, ele seria capaz de cometer o crime. A Justiça também disse que, nos próximos dias, deverá ouvir uma mulher chamada Ámbar, que mora com Fernando.
Perícia no celular
Um dos episódios que mais chamam a atenção nesse episódio envolve a perícia no celular de Fernando Montiel. O aparelho foi recolhido pelos policiais e enviado para a perícia. No entanto, no momento em que as autoridades conectaram o celular a um software para quebrar a senha de acesso ao conteúdo do aparelho, ele teria restabelecido as configurações de fábrica - o que pode ter feito com que as mensagens tenham se perdido.