Com Plantão Regional
Parece que o "paladino da moral, da ética e da nova política", aquele que diz "representar a população", não liga muito para o dinheiro do contribuinte. Tendo por base sua prestação de contas parcial, declarada no site oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o blogueiro vereador e candidato Gilmar Júnior Sousa (foto) precisa explicar à população e à Justiça alguns de seus gastos de campanha considerados suspeitos.
Embora recentemente tenha divulgado um vídeo choroso em suas redes sociais afirmando não ter dinheiro para a campanha, até o momento o blogueiro candidato já arrecadou oficialmente R$ 306.000, sendo R$ 300.000 só do Fundo Eleitoral Partidário (dinheiro público) e outros R$ 6.000 de duas doações privadas. Uma delas, inclusive, de seu coordenador de campanha, que fez um ótimo investimento: doou R$ 1.000 e já recebeu R$ 20.000 (um retorno de 2.000%, até agora).
Mas o pagamento que mais chama a atenção na prestação de contas parcial é o da empresa Axew Contabilidade Ltda, de João Monlevade. Até o momento foram destinados R$ 87 mil do fundo partidário (dinheiro público) para uma campanha que diz já ter gasto R$ 234.452,50. Ou seja: mais de um terço dos custos parciais da campanha de Gilmar Júnior Sousa foram parar nas mãos de uma única empresa, que nem de Sete Lagoas é: 37% dos custos totais até o momento. Será que em Sete Lagoas não tem nenhum escritório de contabilidade competente para tal função?
Apenas para efeito de comparação, a campanha a governador do candidato à reeleição Romeu Zema gastou, até o momento, R$ 50 mil em serviços de contabilidade. Uma campanha que vale para o estado inteiro e que até o momento já gastou R$ 7,3 milhões. Ou seja, só com contabilidade foi 0,68% dos gastos. Bem desproporcional.
Imóveis
Outro gasto de campanha que chama a atenção é o de R$ 35.980 para aluguel de dois imóveis, sendo um apartamento e uma casa, valor pago à ex-diretora da ACI de Sete Lagoas e mãe da vereadora Heloísa Frois, Maria Lúcia França Diniz. Pela prestação de contas não é possível identificar a localização dos imóveis, nem sua metragem, mas até o momento, a 11 dias das eleições, nenhum comitê de campanha do blogueiro candidato foi inaugurado. E um apartamento? Por que um candidato alugaria um apartamento para uma campanha? Em comparação, a Câmara Municipal de Sete Lagoas alugava quatro andares inteiros do prédio do Bela Vista, com 50 salas, por R$ 25.000 por mês antes de se mudar para o novo prédio ao lado da rodoviária. Segundo informações que chegaram à redação, a denúncia já foi feita tanto no Ministério Público quanto no TSE.
Assessores
Gastos menores também não passam despercebidos. Vários contratados da campanha de Gilmar Júnior Sousa são seus assessores de gabinete da Câmara Municipal. Uma espécie de "ação entre amigos". Pelo menos cinco assessores do vereador já receberam valores entre R$ 4.500 e R$ 20.000 pela campanha, além dos salários que já recebem na Câmara Municipal. Entre os assessores de seu gabinete já beneficiados pela campanha estão Eduardo Oliveira de Souza, Natália Maryelle Pereira Silva, Gustavo Henrique Nascimento Paixão, Gabriel Gustavo Diniz Morais e Cátia Aparecida Badessa de Souza.
Cabe ao blogueiro candidato agora explicar à população que diz representar (ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral) o porquê de gastos tão exorbitantes e a real necessidade deles. Caso as investigações confirmem alguma irregularidade, mesmo que seja eleito o blogueiro Junior Sousa corre o risco de não tomar posse. É possível conferir a veracidade das informações desta matéria no link
https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2022/2040602022/MG/130001604332