Por Jussara Soares e Sérgio Roxo, O Globo — Brasília e São Paulo
Para integrantes da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), o debate da TV Globo terminou com gosto de decepção. A avaliação é que os dois candidatos tiveram um desempenho abaixo da expectativa, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou que estava mais bem treinado.
O diagnóstico é semelhante ao do comando da campanha do PT, que avalia que Lula se saiu melhor no debate da Globo. Nos grupos de pesquisas qualitativas testados pelo partido, o petista teve um desempenho considerado como superior ao do adversário.
Bolsonaro, na visão de seus aliados, demonstrou nervosismo e não conseguiu impor suas pautas. Com isso, acreditam que o programa não foi decisivo para mudança de voto de última hora para nenhum dos concorrentes ao Palácio do Planalto.
Na visão desses aliados de Bolsonaro ouvidos pelo GLOBO, o presidente não conseguiu repetir a performance elogiada no debate da Band, no dia 16 de outubro, quando soube gerenciar melhor seu tempo que o petista.
O presidente, que rejeita um treinamento profissional, começou o programa em um tom de nervosismo, sem ao menos cumprimentar o público. Depois, passou todo o tempo caminhando pelo palco, demonstrando estar incomodado. Em dado momento, chegou a pedir que Lula ficasse perto dele, o que o petista rejeitou, voltando ao seu púlpito.
Salário mínimo
No primeiro bloco, Bolsonaro prometeu aumentar o salário mínimo para R$ 1400 para 2023. O valor, no entanto, não está previsto no Orçamento para o próximo ano enviado pelo seu governo ao Congresso em agosto, e Bolsonaro tampouco disse como concederá o reajuste. A avaliação de integrantes do QG bolsonarista é que o presidente jogou o tema sem traçar uma estratégia e não conseguiu que isso se tornasse um tema do programa.
Apesar disso, a primeira parte do confronto dos adversários foi considerado o melhor momento do presidente. Neste bloco, Bolsonaro pressionou Lula sobre ter usado fake news na propaganda eleitoral de TV.
No restante do programa, a avaliação é que Bolsonaro foi repetitivo nos temas e sem desenvoltura. Por duas vezes, se desequilibrou no palco.