Trabalhando para dar início à modernização do seu Estatuto, o Cruzeiro divulgou nesta sexta-feira alguns pontos da proposta para modificar o documento atual. O superintendente jurídico da Raposa, Kris Brettas, é o responsável por coordenar as alterações.
Dentre as propostas estão a imposição de um limite de gastos de até 5% acima das receitas do clube prevista para a temporada e a responsabilização de dirigentes na gestão dos orçamentos anuais. Em caso de descumprimento, os membros da diretoria estarão sujeitos a punições.
A ideia de se modernizar o Estatuto surgiu no Cruzeiro após a renúncia no fim do ano passado de toda a diretoria, composta pelo presidente Wagner Pires de Sá e dos vices Hermínio Lemos e Ronaldo Granata, além das saídas do vice de futebol Itair Machado e do diretor geral Sérgio Nonato. Um Núcleo Gestor assumiu no dia 23 de dezembro e encontrou o clube com uma dívida superior a R$ 800 milhões, uma folha mensal de R$ 15 milhões e três meses de salários atrasados.
Se aprovadas, as mudanças no Estatuto serão benéficas para o Cruzeiro, de acordo com Kris Brettas. “Propostas orçamentárias definidas e uma gestão correta do orçamento trarão muitos ganhos ao Cruzeiro. O presidente apresentará o plano orçamentário e, se aprovado pelo Conselho Deliberativo, deverá segui-lo ciente das punições que poderá sofrer caso não o cumpra”, declarou.
Conforme o superintendente, as alterações estão sendo colocadas no papel e serão apresentadas ao Núcleo Dirigente Transitório. No entanto, até o novo Estatuto passar a vigorar, há outros passos a serem seguidos dentro do clube.
“Esta minuta ainda está sendo finalizada e será apresentada ao Núcleo Dirigente Transitório. Após esta etapa, será criada uma comissão de conselheiros para que este documento possa ser discutido e para também sugestão de ideias. Posteriormente poderá ser levado à votação”, ressaltou.
Para aprovar o novo Estatuto, o Cruzeiro precisará da concordância da maioria simples de associados e conselheiros em uma Assembleia Geral, que deverá ser convocada pelo presidente em exercício, José Dalai Rocha.
Confira algumas propostas para a modernização do Estatuto do Cruzeiro que foram divulgadas pelo clube:
- Criação de um programa de cargos e salários, algo inexistente no Cruzeiro, em que a remuneração dos colaboradores deverá seguir os parâmetros praticados no mercado, não podendo superar o teto do funcionalismo público federal. Este documento deverá ser apresentado e aprovado pelo Conselho Deliberativo;
- No caso de salários de atletas e comissão técnica e de outras contratações que ultrapassem mil salários mínimos, os casos deverão ser apresentados e aprovados pelo Conselho de Administração;
- Obrigatoriedade de apresentação de proposta orçamentária anual do Clube por parte do presidente;
- Exigência de formação superior em Administração, Ciências Contábeis, Direito, Economia ou Engenharia para integrar o Conselho Fiscal;
- Regras mais rígidas para a punição de dirigentes que descumprirem o Estatuto;
- Regras mais claras para demonstrações contábeis, seguindo padrões de transparência e regras do PROFUT;
- Obrigatoriedade de contratação anual de auditoria independente, com registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários);
- Responsabilização de dirigentes na gestão dos orçamentos anuais. O limite de gastos é até 5% acima do valor previsto no ano;
- Inclusão do Conselho de Notáveis, que prestará auxílio consultivo, e do Conselho de Administração, que terá envolvimento direto na gestão do Clube. Ambos terão a participação de conselheiros independentes.