Por EBC
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, disse que editaria ainda ontem (17), um decreto determinando a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção a todas pessoas que estejam fora de casa. Crivella disse que a medida é necessária diante do quadro traçado de evolução dos casos da doença nas próximas duas ou três semanas e da falta de leitos de UTI suficientes na rede municipal.
A medida foi propostaa pelo Comitê Científico, que se reuniu ontem (17), para analisar o cenário de contaminação pelo novo coronavírus (covid-19) na cidade. De acordo com o prefeito, no início da crise o comitê, observando o cenário internacional, avaliou que havia necessidade de 900 leitos clínicos e de quase 400 de UTI na cidade.
“Por isso, é tão importante a gente também pedir, sobretudo agora que as curvas mostram uma inflexão maior, que todos usem máscaras. A prefeitura já vai adotar como regra do prefeito ao gari. Todos nós vamos usar máscaras, guardas municipais, os funcionários que estão respondendo expediente. Saiu na rua, coloca a sua máscara para evitar o aumento da contaminação e, principalmente, nesses próximos dias. Nos preocupa muito essas duas, três semanas à frente. Nós acreditamos que depois nós tenhamos vencido o pior da nossa crise. O pior terá passado, sobretudo porque já teremos montado nosso hospital de campanha e também o [Hospital Ronaldo] Gazolla estará funcionando a pleno vapor”, disse o prefeito.
Leitos privados
Crivella anunciou ainda que a prefeitura vai contratar leitos privados para os atendimentos enquanto os hospitais destinados a pacientes infectados não ficarem pontos. “Nesse período em que ainda não ficou pronto o Hospital de Campanha e o Gazolla, vamos lançar um edital. Vamos fazer internações também em leitos privados. Não vamos arrestar. Vamos pagar o mesmo que o governo federal estipulou, para termos garantia de que esse momento de colapso não vai chegar. Agora é fundamental”.
Isolamento
Crivella anunciou ainda que a prefeitura vai manter o isolamento social. Para ele, essa é única alternativa no momento para a cidade diante da previsão do aumento dos casos e falta de vagas de UTI. “A nossa preocupação é de que se não mantivermos o afastamento social, a curva se acelera. Hoje, por exemplo, nós chegamos a ter quase 90% dos leitos de UTI ocupados e isso é uma coisa que preocupa a nós todos. Temos 90% dos eleitos de UTI ocupados. Como podemos diminuir essa pressão na nossa rede? Precismos que as pessoas mantenham o afastamento social nestes próximos dias”, alertou.
Segundo o prefeito, a situação deve melhorar quando forem abertos cerca de 300 leitos de UTI, que começarão a funcionar com a chegada de respiradores comprados pela prefeitura no ano passado. “Daqui a pouquinho poderemos abrir 300 leitos de UTI, quando chegarem os respiradores. Não serão mais os 90%, vamos cair para bem abaixo disso. Precisamos tratar das pessoas e temos visto que no [Hospital Ronaldo] Gazolla o tratamento tem sido exitoso. Nós tivemos já na rede toda bem mais de 400 altas. O que não podemos ter, são pessoas buscando leitos de UTI no hospital e não ter leito porque está tudo ocupado. Então é muito importante pedirmos o tempo às pessoas para manterem o afastamento social”, destacou.
Para reforçar o apelo à população pela manutenção do isolamento social, Crivella chegou a fazer uma comparação com a Arca de Noé. “Fazendo aqui uma comparação, estamos construindo a nossa arca. Não é possível que, por imprudência, a gente adiante o dilúvio. Nós temos que estar com a arca pronta quando o dilúvio chegar, que é o ponto máximo de inflexão da nossa curva de contaminação”
Comunidades
O Comitê Científico sugeriu o estudo de novas medidas a serem implementadas para que não diminuíssem, em hipótese alguma, os números calculados pela Coppe de 70% na redução de circulação nas ruas e 80% nos transportes. “Essa, infelizmente, não é a realidade nas nossas comunidades. Nas comunidades não está havendo o afastamento social que nós tanto preconizamos. Um dado que nos preocupa muito é que, nesse momento, ainda aguardamos os equipamentos que compramos no ano passado e estão para chegar nos próximos dias”, alertou o prefeito para a situação das comunidades, onde o isolamento social não tem sido respeitado.
Escolas
O prefeito disse que não há previsão de quando serão reabertas as escolas. Crivella disse que respeita a preocupação do presidente Jair Bolsonaro, que manifestou o desejo da volta às aulas, mas que a cidade não tem condição, no momento, de voltar com o funcionamento das escolas.
“A esperança do presidente da República é a esperança de todos nós. Gostaria também de abrir as escolas, porque não é só no Brasil, não. No mundo inteiro não tem crianças que morreram [por causa da doença] a não ser as que tinham comorbidade, mesmo assim, um na face da Terra. Mas nós temos problemas com os professores, com as merendeiras, com os funcionários".
Comitê
O Comitê Científico é composto por diversos profissionais que avaliam os impactos da doença na cidade, entre eles médicos com mais de 30 anos de experiência e matemáticos, que avaliam a evolução das curvas dos casos registrados e de contaminação.