Por Itasat
Com a temperatura da política no Atlético subindo nos últimos dias, o vice-presidente do clube, Lásaro Cândido da Cunha, tenta dar um banho morno na situação. O presidente, Sérgio Sette Câmara, e o ex-mandatário e atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, têm deixado público o desgaste entre ambos, com críticas de lado a lado. Neste sábado, Lásaro foi ao Twitter em tom de pacificação.
As rusgas entre Kalil e Sette Câmara via imprensa começaram no dia 26 de abril, em uma entrevista concedida por pelo autal presidente ao Blog do Perrone, no portal Uol. O dirigente falava sobre a dificuldade em pagar nesta semana a dívida pela compra do meia Maicosuel, em junho de 2014, período em que Kalil era presidente.
“Já fiz tantos pagamentos no passado, e agora mais esse, fruto de irresponsabilidade de gestão anterior que caiu no nosso colo. O que eu posso fazer? Não tem mais lugar para irresponsabilidade de sair comprando jogador e achar que não vai dar em nada. Não é só ficar levantando caneco e deixar a herança maldita para os outros presidentes. A conta chegou. E caiu no meu colo”, afirmou Sette Câmara.
Na segunda-feira (27), o Atlético desembolsou 2,2 milhões de euros (R$ 13,4 milhões) para pagar o débito junto à Udinese, da Itália. Se não fizesse o depósito até essa data, poderia ser punido com a perda de três pontos no Campeonato Brasileiro. O presidente alvinegro disse no Twitter ter recebido ajuda de dois conselheiros: o dono da MRV Engenheria, Rubens Menin, e o proprietário do Banco BMG, Ricardo Guimarães.
Dois dias depois, Kalil o rebateu no fim de uma live sobre o combate à pandemia de covid-19 em BH. O ex-dirigente atleticano afirmou ter comprado o atleta por 3,3 milhões de euros. “Nós podíamos comprar. Tinha time, tinha título, tinha tudo”, argumentou. O prefeito lembrou que o sucessor dele, Daniel Nepomuceno, emprestou o meia ao Al Sharjah, dos Emirados Árabes, por 2 milhões de euros e, em seguida, o vendeu ao São Paulo por 1 milhão de euros.
“Então o Maicosuel, além de nos dar a Copa do Brasil, custou ao Atlético 300 mil euros. Se emprestaram o Maicosuel e não pagaram, se venderam o Maicosuel e não pagaram, vão atrás de que fez, porque não fui eu”, disse. “Estão querendo envolver o meu nome em qualquer coisa. Eu sempre precisei de dinheiro, mas vinculado a contratos de televisão e nunca precisei de caridade de ninguém quando fui presidente do Atlético”, cutucou, sobre os auxílios dos dois empresários na quitação da dívida.
Nessa quinta-feira (30), em entrevista à ESPN, o político voltou a criticar o mandatário alvinegro. “Aquilo (tweet do Sette Câmara agradecendo Ricardo e Rubens) foi uma jogadinha. ‘Muito obrigado’ e tal. Obrigado o quê? É de graça? Então fala: ‘Está doado’. É isso que eu fiquei com raiva”, disse Kalil.
“No Atlético eu posso rivalizar com Elias Kalil, com Nelson Campos (ex-presidentes). Não tenho que rivalizar com ninguém do Atlético, não. E eu já saí de lá tem uma eternidade. Ele (Sette Câmara) que não consegue me esquecer”, completou.
As declarações evidenciam o racha político entre Kalil e Sette Câmara. Em dezembro deste ano será realizada a eleição para definir o presidente do próximo triênio. O prefeito afirmou que foi procurado por Lásaro.
“Ele marcou hora na prefeitura para falar que eu tinha que entrar na eleição do Atlético agora. Eu falei: ‘Não vou entrar’. ‘Ah, mas o outro grupo vai ganhar’. Azar. Liguei pra ele hoje (ontem) e falei: ‘Vou falar isso hoje’”, disse Kalil. Ao globoesporte.com, Lásaro disse que procurou Kalil há cerca de dois meses por temer que um “aventureiro” pudesse assumir o clube, caso Sette Câmara não se candidatasse.
Pagamento de dívidas
Kalil também citou à ESPN que, na gestão dele, quitou R$ 250 milhões em dívidas de gestões anteriores. “Eu peguei com quatro meses de salário atrasado e entreguei o Atlético devendo também, menos R$ 250 milhões, e com dois meses de salário atrasado para o Daniel [Nepomuceno, presidente que o sucedeu]. E o Daniel deve ter repetido a fórmula e entregou para o outro lá (Sette Câmara). Assim é sucessivo. Não tem novidade nenhuma”, concluiu.