Por Itasat
O presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, afirmou nesta terça-feira, em entrevista, que o clube alvinegro seguia os passos do Cruzeiro em relação às finanças. Ele voltou a defender a redução de gastos no Galo e disse que não se preocupa em “ganhar um campeonato”, mas em “preparar o Atlético para ser um dos maiores clubes do Brasil”.
Na entrevista, o mandatário parece ter dado mais uma indireta ao ex-presidente atleticano e atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, ao elogiar novamente os conselheiros Ricardo Guimarães, dono do Banco BMG, e Rubens Menin, dono da MRV Engenharia. Em abril, Sette Câmara reclamou que caiu sobre o colo dele a dívida pela compra do meia Maicosuel, feita na gestão de Kalil. Ao pagá-la, o dirigente revelou ter recebido a ajuda dos dois empresários. No dia seguinte, o prefeito contra-atacou: “Nunca precisei de caridade de ninguém quando fui presidente do Atlético”.
Agora, Sette Câmara declarou em entrevista, sem citar Kalil, que “é muito fácil ficar falando aí de muita coisa que foi feita no Atlético, mas botar a mão no bolso e colocar aqui dentro eu só vi esses caras fazerem, e eu tenho 20 anos de Atlético”. Após as trocas farpas via imprensa no mês passado, na ocasião mais recente até então o atual presidente havia amenizado o tom e dito que respeita o ex-mandatário.
Dívidas
“Estou fazendo o possível para pagar as minhas contas e as atrasadas. Foram muitos os atletas que tivemos que pagar na Fifa nesses dois últimos anos, mais de R$ 60 milhões, mas você tem que somar, além disso, as dívidas com a [empresa] WRV, desde 2000, que veio cair no nosso colo e que só no ano passado pagamos R$ 14 milhões; uma dívida com a Globo, de 2015, de R$ 11 milhões.”
“A auditoria é para que a gente possa levantar o que aconteceu nas últimas décadas, para entender como chegamos a essa dívida de hoje, e vou fazer isso até o último dia do meu mandato. Saber quem teve responsabilidade com as contas do clube e quem não teve. E nesse aspecto estou muito tranquilo.”
Caminho do Cruzeiro
“O torcedor do Atlético pode saber que tem aqui um presidente que não vai levar o Galo ao ponto ao qual chegaram os nossos rivais, e o Atlético estava indo, não tenha dúvida nenhuma. Nós vimos aqui, por exemplo, que teve time que ganhou título e depois quebrou, e estamos vendo outros exemplos para o Brasil.”
“Estou preparando o Atlético não é para ganhar um campeonato, nem estou preocupado em ganhar um campeonato. Estou preocupado em preparar o Atlético para ser um dos maiores clubes do Brasil. E, para isso, a gente precisa fazer uma mudança radical na organização do clube, com governança, controles, transparência.”
Finanças na pandemia
“Os inúmeros compromissos com funcionários e credores e as despesas emergenciais, como água, luz, telefone, informática, comida, não param. Os clubes não têm absolutamente nenhuma receita neste momento. O que eu tenho para arrecadar? Uma parte da televisão (direitos de transmissão), que não é tão alta assim, e a premiação, que depende de o campeonato acontecer e de o time ser bem colocado.”
“Ao mesmo tempo, você tem do outro lado – e não estou tirando o direito deles – os jogadores questionando as reduções, a eventual falta de pagamento de direito de imagem, que está sendo postergado. É impossível pagar se não tem arrecadação. Eu participo de um grupo com presidentes de clubes, e a reclamação é geral.”
Menin e Guimarães
“Estamos tentando encontrar algumas soluções [para o problema financeiro na pandemia] e, principalmente, contamos muito com aquelas pouquíssimas pessoas que nos ajuda nos momentos de dificuldade. Entenda-se por Ricardo Guimarães, Rubens Menin e Rafael Menin, por exemplo. É muito fácil ficar falando aí de muita coisa que foi feita no Atlético, mas botar a mão no bolso e colocar aqui dentro, eu só vi esses caras fazerem, e eu tenho 20 anos de Atlético.”
Jogadores fora dos planos
O Atlético decidiu que não usará no restante da temporada o lateral-esquerdo Lucas Hernández, os volantes Zé Welison e Ramón Martínez e os atacantes Edinho, Ricardo Oliveira e Di Santo.
“Foi uma lista feita pelo treinador (Jorge Sampaoli). Alguns jogadores ponderamos com ele que não tinha condição [de sair dos planos]. Tinha outros [na lista]. Ele entendeu, vai aproveitar. E outros jogadores tivemos que aceitar, porque as pessoas não estão entendo, mas estamos vivendo um clima de guerra, um momento de muita dificuldade e encontrar um equilíbrio entre pagar as contas e ter um time que possa disputar um campeonato é uma dificuldade que vamos ter que ter muita habilidade para fazer.”
Bolt na Justiça
“É a comprovação mais clara de que algo tem que mudar na legislação brasileira. Você contrata um jogador por um excelente salário, o jogador não entrega nada e você, pela Lei Pelé, ainda tem que ficar com esse atleta no elenco pagando um salário absurdo. ‘Ah, foi mal escolhido e tal...’. Isso (escolher mal) acontece.”
Léo Sena na mira?
“O Léo Sena (volante do Goiás) é um jogador interessante, um volante que se encaixa bem em muitos times de grande porte do Brasil, mas isso é um assunto que está sendo tratado pelo Alexandre [Mattos, diretor de futebol].”
Contratações
“Eu não falo de especulação, só anuncio atleta quando a tinta está no papel. O que eu posso dizer é que tínhamos um planejamento antes do coronavírus e, na medida do possível, sempre com os nossos amigos nos dando apoio, melhorando os patrocínios, temos a ideia de buscar, não mais tantos atletas quanto o Sampaoli gostaria de ter, mas pelo menos uma espinha dorsal que dê para o up grade que ele busca no nosso time para a gente brigar pelo Campeonato Brasileiro.”