O plenário do Congresso da Bolívia reunirá hoje (18), a partir das 18h, para eleger seis titulares e seis suplentes para o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) do país. Foram recebidas 155 candidaturas (53 mulheres e 102 homens) para o processo de renovação do tribunal, após a anulação das eleições gerais do dia 20 de outubro.
Depois que os novos membros forem eleitos e empossados, o TSE terá 48 horas para anunciar a convocação de novas eleições gerais, a serem realizadas em no máximo 120 dias. A Bolívia retornará às urnas para eleger presidente, vice-presidente e legisladores nacionais.
A seleção dos novos integrantes para o órgão ocorre no contexto de convocação de novas eleições, após o pleito ter sido cancelado por fraudes, comprovadas por auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA). O organismo afirmou que houve manipulação dolosa (com intenção de cometer o crime) e graves irregularidades, fatores que impossibilitaram a validação da votação.
"Precisamos de eleições limpas, precisamos que o povo boliviano recupere a fé no sistema eleitoral boliviano. Só se reconstruirá a institucionalidade do Supremo Tribunal Eleitoral e restaurará a confiança dos cidadãos nesse órgão se os membros eleitos realmente agirem com transparência para garantir eleições limpas", disse o senador do partido Unidade Democrática (UD), Oscar Ortiz.
"Vamos procurar meritocracia, credibilidade e, acima de tudo, confiança nas novas autoridades ", afirmou Eva Copa, senadora pelo Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales.
Ontem (17), a Comissão Conjunta de Constituição do Parlamento concluiu o processo de pré-seleção de candidatos, que durou dez dias.
"Todas as etapas do processo de seleção foram unânimes e esperamos que hoje seja alcançado o consenso necessário na sessão plenária, para que possamos dar ao país essa certeza de que ele terá um tribunal eleitoral que garanta eleições limpas", afirmou Ortiz, que presidiu a comissão.
O pleito foi realizado no dia 20 de outubro e, após uma apuração questionável, foi anunciada a vitória de Evo Morales em primeiro turno. A OEA realizou uma auditoria que apontou para graves irregularidades e fraudes no processo. No dia 10 de novembro, pressionado pelas Forças Armadas, Morales renunciou e pediu asilo político no México. Morales agora se encontra na Argentina, com status de refugiado.
O Ministério Público não descarta a possibilidade de convocar o ex-presidente Morales para prestar depoimento sobre a denúncia de fraude eleitoral. De acordo com o órgão, qualquer pessoa que tenha tido conhecimento dos feitos poderá ser convocada para depor.
A investigação em curso envolve os seis membros do Supremo Tribunal Eleitoral à época das eleições. Cinco deles estão sob prisão preventiva e um tem paradeiro desconhecido.