Por Itasat
O Cruzeiro divulgou nesta quarta-feira o balanço financeiro de 2019. De acordo com o documento, auditado pela empresa Moore e disponibilizado na seção Portal da Transparência no site do clube, o déficit no ano passado foi de R$ 394,1 milhões. O valor é cinco vezes superior ao prejuízo registrado em 2018, quando a Raposa teve perda de R$ 73,8 milhões. No relatório, a empresa diz que há "dúvida quanto à capacidade de continuidade operacional do clube" diante dos "déficits consecutivos apresentados".
O valor do prejuízo foi revelado horas antes da divulgação oficial pelo superintendente jurídico do Cruzeiro, Kris Brettas, em entrevista a um programa de rádio, nesta quarta-feira.
A receita líquida do clube caiu no ano passado, registrando R$ 280.799.767 contra R$ 329.118.994 em 2018. Ao mesmo tempo, as despesas com o futebol, clubes sociais e esportes amadores saltaram de R$ 327.262.691 no balanço anterior para R$ 477.230.065. Aumento de R$ 150 milhões.
Em relação à receita operacional bruta, o Cruzeiro registrou queda em quase todos os quesitos do ano retrasado para a temporada passada: caiu de R$ 190,7 milhões para R$ 105,7 milhões (publicidade e transmissões de TV), redução de R$ 32,5 milhões para R$ 18,1 milhões (patrocínios/royalties), diminuição de R$ 23,9 milhões para R$ 18,3 milhões (bilheteria), de retração de R$ 23,1 milhões para R$ 14,1 milhões (sócio-torcedor). Apenas a arrecadação com direitos econômicos / cessão temporária de jogadores foi maior: R$ 108,1 milhões contra R$ 45,9 milhões. O item chamado de “outras receitas” também apresentou superávit em relação à 2018: R$ 3 milhões contra R$ 2,5 milhões.
Os gastos com salários no clube também chamam a atenção. Os valores praticamente dobraram de 2018 para 2019. Há dois anos, o Cruzeiro desembolsou R$ 26,5 milhões com vencimentos. Na temporada passada, os custos foram para R$ 50,4 milhões. Acrescentando férias e encargos trabalhistas e rescisões contratuais parceladas, o clube gastou R$ 62,6 milhões no total contra R$ 30,4 milhões em 2018.
No balanço, a Moore faz diversas considerações citando a readequação salarial no clube, com a diferença de pagamentos de salários de jogadores ficando para 2021, a pandemia do novo coronavírus, que afetou as receitas, a obtenção da liminar que garantiu o retorno ao Profut, a investigação da Polícia Civil e do Ministério Público contra ex-dirigentes e o relatório de investigação da consultoria Kroll que levantou os gastos na gestão de Wagner Pires de Sá.
Por fim, a Moore frisa que há ressalvas no balanço, pois os R$ 27 milhões apresentados como gastos de formação de atletas não apresentaram "evidência suficiente e apropriada". Em outro ponto, a empresa destaca que R$ 32,9 milhões relativos à amortização de valores de atletas profissionais, referente a exercícios anteriores, deveriam ter sido corrigidos por "representação retrospectiva".