Por EBC
A polícia de Hong Kong disparou balas de borracha e spray de pimenta e fez 300 prisões, enquanto milhares de pessoas tomavam as ruas nesta quarta-feira (27) para expressar revolta contra a legislação de segurança nacional proposta pela China, que provocou um alerta internacional a respeito das liberdades da cidade.
O batalhão de choque disparou spray de pimenta para dispersar a multidão no coração do distrito financeiro. Em outros locais, a polícia deteve dezenas de supostos manifestantes, obrigando-os a se sentar nas calçadas antes de revistar seus pertences.
A forte presença policial nos arredores do Conselho Legislativo desencorajou manifestantes que planejavam interromper o debate de um projeto de lei, que busca criminalizar o desrespeito ao hino nacional chinês.
Revoltadas com as ameaças aparentes às liberdades da cidade semiautônoma, pessoas de todas as idades foram às ruas, algumas vestidas de preto, algumas com roupas de escritório ou uniformes escolares e outras escondendo o rosto por baixo de guarda-chuvas abertos – cena que lembrou os tumultos que abalaram Hong Kong no ano passado.
"Embora estejam com medo no coração, vocês precisam se posicionar", disse Chang, uma atendente e manifestante de 29 anos vestida de preto e com um respirador de capacete e óculos de proteção na mochila.
Muitas lojas, bancos e escritórios fecharam mais cedo.
Os protestos mais recentes vêm na esteira de uma legislação de segurança nacional proposta pela China, que pretende combater a separação, a subversão e o terrorismo em Hong Kong, termos que autoridades tanto de Hong Kong quanto de Pequim vêm usando cada vez mais em relação aos protestos pró-democracia.
As leis em tramitação poderiam levar agências de inteligência chinesas a montarem bases em Hong Kong.
A proposta, revelada em Pequim na semana passada, desencadeou a primeira grande rebelião nas ruas do território em meses, quando a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar manifestantes.
Estados Unidos (EUA), Reino Unido, União Europeia e outros expressaram preocupação com a legislação, vista amplamente como um possível divisor de águas para a cidade mais livre da China e um dos maiores polos financeiros do planeta.
Autoridades chinesas e o governo de Hong Kong, apoiado por Pequim, dizem que o alto grau de autonomia da cidade não está ameaçado e que a nova lei de segurança terá foco específico.
O Conselho Empresarial EUA-China pediu a "todos os líderes que adotem as medidas necessárias para apaziguar as tensões e preservar o princípio - um país, dois sistemas".
As ações asiáticas caíram por causa da tensão crescente entre os EUA e a China. A bolsa de Hong Kong liderou as quedas, com recuo de 0,46%.