Por Itasat
O presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, divulgou uma “carta aberta” nesta sexta-feira para explicar que o aumento de quase R$ 100 milhões da dívida total do clube em um ano, apontado no balanço financeiro de 2019, é devido à correção monetária (taxa CDI) e aos juros. De acordo com o documento, o débito saltou de R$ 652 milhões em 31 de dezembro de 2018 para R$ 746 milhões ao fim do ano passado.
“Gostaríamos de esclarecer que, quando esta diretoria assumiu o Clube, nossa dívida líquida era de R$ 538 milhões, valor este publicado no balanço auditado de 2017. Essa dívida corrigida em 31/12/2019, pelo CDI, atingiria um montante de R$ 630 milhões, ou seja, apenas com o efeito financeiro produzido pela correção monetária, sem considerarmos os juros contratuais”, justificou Sette Câmara.
“Dessa forma, o endividamento líquido atual de R$ 656 milhões nada mais é que a evolução da dívida anterior, corrigida pelas taxas de mercado e juros contratuais. Esses valores podem ser facilmente verificados na publicação de nossos demonstrativos”, complementou o presidente atleticano.
As dívidas de outras gestões pagas durante o seu mandato foi lembrado por Sette Câmara, que alertou que o total do débito do clube poderia ser ainda maior.
“Vale salientar que, se o Clube, nos dois últimos anos, não tivesse que pagar compromissos anteriores com impactos significativos no Balanço, teria conseguido amortizar a dívida que nosso balanço apresenta. Os valores, só em 2019, atingiram um montante de R$ 34 milhões, valor que nos impediu de amortizar nossa dívida bancária.”
De acordo com Sette Câmara, o prejuízo do Atlético em 2019 foi de quase R$ 6 milhões. “O Resultado do Clube, apesar de deficitário, foi o segundo melhor dos últimos 16 anos, registrando um déficit de R$ 5,7 milhões. É claro que o resultado não é satisfatório, entretanto, o impacto financeiro das mudanças que estão sendo implementadas não tem um reflexo imediato.”
Na carta aberta, o presidente alvinegro reforçou sua defesa divulgando um estudo feito pela empresa Ernst & Young, que analisou as contas de 17 clubes brasileiros. Sette Câmara destacou que seis equipes melhoraram sua performance de 2018 para 2019, sendo que o Atlético foi um deles.
Críticas ao vazamento do balanço
Em postagem nas redes sociais, Sette Câmara aproveitou para criticar o vazamento do documento, que foi enviado ao Conselho Fiscal e ainda será analisado.
“Desde que assumi, o objetivo é organizar e enfrentar os desafios do passado para um grande futuro do Galo. Vazaram uma parte do balanço que foi amplamente divulgada com uma interpretação equivocada. Pergunto: a quem interessa?”, escreveu Sette Câmara no Twitter.
O balanço do Atlético relativo ao ano de 2019 foi divulgado na noite dessa quinta-feira (28), pelo jornalista Rodrigo Capelo, do Globoesporte.com. Capelo é especializado em negócios do esporte e, nos últimos anos, ganhou projeção ao analisar as finanças dos clubes brasileiros.
“Acabo de receber as demonstrações financeiras do Atlético-MG referentes a 2019. Ainda estou planilhando os números, mas posso adiantar: a coisa está feia. Sérgio Sette Câmara elevou a dívida de R$ 652 milhões no ano retrasado para R$ 746 milhões, por exemplo. Adeus, austeridade!”, postou Capelo nessa sexta (29).
“Detalhe sobre o balanço do Atlético-MG: deficit de R$ 5,8 milhões só foi registrado porque houve "doação" de Rubens Menin em 27/12/19. Só que a doação tem mero valor contábil, este dinheiro não existe. O prejuízo sem ela seria de R$ 55 milhões, muito acima do limite pelo Profut. (sic)”, completou.
A doação citada por Capelo equivale a R$ 49 milhões, valor do terreno cedido pela MRV para a construção do estádio do Atlético. Ou seja, a quantia não entra nos cofres do clube para custear o futebol.
Já o limite de déficit imposto pelo Profut é para os clubes conseguirem se manter no programa de parcelamento das dívidas com o governo federal.
A partir de 2019, o prejuízo máximo aceito pelo Profut caiu de 10% para 5% da receita bruta dos clubes no ano anterior. Como em 2018 o Atlético arrecadou R$ 257 milhões, o limite aceitável para o déficit no ano seria de R$ 12,8 milhões.