Por Itasat
Os EUA registraram nesta sexta-feira, 10, outro recorde de novos casos de covid-19 em um único dia. Ao todo, foram 64 mil notificações. A situação é mais grave nos Estados da Flórida, Texas, Arizona e Califórnia. Autoridades sanitárias indicaram ainda outro dado preocupante: o número de mortes, que vinha caindo, começou a subir novamente, duas semanas depois de a quantidade de contaminações começar a crescer.
A semana fechou com uma média diária de 608 mortos por covid-19 nos EUA - a primeira semana de julho teve 471 óbitos. Especialistas dizem que os números ainda estão longe do pico da pandemia, em meados de abril, quando os americanos registravam cerca de 2,2 mil mortos a cada 24 horas. No entanto, o crescimento significa o fim dos três meses de queda ininterrupta na quantidade de vítimas do vírus.
"Sempre dissemos que as mortes aumentariam. Esta é a prova", disse Peter Jay Hotez, diretor da escola de medicina tropical do Baylor College, no Texas, Estado que vem registrado uma diminuição dramática de leitos de hospital desde o início de julho. Alguns epidemiologistas dizem que a redução no número de mortes nos últimos três meses ocorreu em razão de um avanço no tratamento da doença. Além disso, a faixa etária dos novos infectados caiu - e os jovens têm maior resistência.
Mesmo assim, os cientistas pediam cautela e indicavam que as duas primeiras semanas de julho seriam decisivas para estabelecer uma tendência. "Ainda estamos aguardando", disse Sean Ellis, porta-voz do Departamento de Saúde de Louisiana, que também vem registrando recordes de novos casos e hospitalizações.
Ontem, 10, Thomas Dobbs, médico do Departamento de Saúde do Estado do Mississippi, disse que 26 congressistas, entre senadores e deputados estaduais, estão com covid-19 - um em cada seis representantes do Legislativo local. Entre os infectados estão o presidente da Câmara dos Deputados, Philip Gunn, e o vice-governador, Delbert Hosemann.
Com os números divulgados ontem, os EUA registram mais de 3,2 milhões de infectados e cerca de 135 mil mortos por covid-19 desde o início da pandemia, no fim de fevereiro. Anthony Fauci, médico que comanda a força-tarefa da Casa Branca contra a covid-19, voltou a dizer que não existe uma "segunda onda" do vírus no país. "Nós nem sequer saímos da primeira", disse o chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.
No fim de junho, em depoimento ao Congresso, Fauci disse que os EUA caminhavam para uma "tempestade perfeita" e alertou que, se nada for feito, o país poderia atingir a marca de 100 mil casos por dia - uma declaração que a Casa Branca considerou exagerada. Após o desastre dos últimos dias, segundo Peter Jay Hotez, o cenário não parece mais impossível de se concretizar. "Estamos nos aproximando do apocalipse previsto por Fauci", afirmou.
A pandemia vem afetando também a campanha pela reeleição de Donald Trump. Ontem, segundo pesquisa da ABC News e do instituto Ipsos, dois terços dos americanos desaprovam a resposta do presidente à crise - 67% rejeitam as ações de Trump, enquanto 33% aprovam. Para a Casa Branca, o mais preocupante das últimas sondagens é que popularidade do presidente vem caindo entre eleitores independentes e republicanos.
A seis semanas da convenção republicana, que marca a oficialização do nome de Trump como candidato do partido, os estrategistas do presidente enfrentam uma série de obstáculos na organização do evento, que deveria ser o ponto alto da campanha.
Alguns aliados reclamam que ainda não há uma estratégia definida para enfrentar o democrata Joe Biden. Outros apontam para problemas mais graves, como o fato de a cidade de Jacksonville, sede da convenção, estar localizada na Flórida, epicentro das contaminações nos EUA. Até agora, pelo menos seis senadores republicanos já disseram que não comparecerão ao evento, que corre o risco de ser esvaziado.