Por Itasat
Uma live transmitida pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com os secretários de estado de Governo, Igor Eto, e de Planejamento e Gestão, Otto Levy, para discutir a reforma da Previdência estadual caiu como uma bomba na Assembleia Legislativa (ALMG).
Eles esclareceram pontos da proposta encaminhada à Casa, mas algumas das falas do governador sobre o funcionalismo e sobre sindicalistas repercutiram mal no meio político.
"No último governo, quando o funcionário público estava sendo prejudicado, esses sindicalistas não levantaram a mão, porque eles podiam dar emprego para um punhado de gente da turminha deles. Eu não trouxe ninguém da minha família e nenhum amigo para trabalhar comigo. Esse pessoal que estava acostumado com esse tipo de rachadinha é que agora fica dando do contra. Então, escute com reservas quando a crítica partir desse tipo de público porque, enquanto o estado estava saqueando as prefeituras, estava mandando o nome de 240 mil funcionários públicos para o SPC, esse pessoal ficou calado. Falam que eu não gosto do servidor público. Quem não gosta é o último governador [Fernando Pimentel, do PT], que deixou o servidor público sem acesso à saúde. Ele só mentia e fazia aquela história de 'me engana que eu gosto'", disparou Zema.
"Eu estou aqui, servidor, para resolver o problema. Eu não estou aqui para mentir. É isso que eu quero em Minas. É um estado que cobre menos e que seja mais eficiente. Não um estado que explora o povo para benefício de poucos. Quem é funcionário público está numa situação muito melhor do que os outros 90% da população: tem estabilidade no emprego, nunca vai estar desempregado. Quem trabalha no setor privado já passou pela reforma da Previdência. Esse pessoal do setor privado tem muito menos direitos do que a reforma que nós estamos propondo para o servidor público”, continuou.
Até a base de governo se manifestou. Por por meio de nota, o líder do bloco governista, o deputado Gustavo Valadares (PSDB) afirmou que servidores são alvos de ataques e de incompreensão por parte de setores da sociedade, que muitas vezes ignoram o alcance social da área pública.
No comunicado, o parlamentar tucano afirma que é um fato que a situação da Previdência se encontra insustentável, mas que a culpa não é dos servidores e nem é deles a responsabilidade pela crise econômica dramática que atravessa o estado.
O deputado Sávio Souza Cruz (MDB), líder de um dos blocos independentes da Assembleia, também se manifestou. “Eu acho lamentável as declarações do governador hoje, confusas, imprecisas e desinformadas. Difícil até imaginar motivação. De tão inábeis, a gente fica na dúvida se ele quer aprovar alguma coisa na Assembleia, porque são declarações que dificultam muito. Essas declarações podem até o sujeitar a uma interpelação judicial. O governador não goza de imunidade parlamentar e, se ele faz acusações contra sindicatos e dirigentes sindicais, pode ter que mostrar as provas que porventura tenha”, argumentou.
O deputado André Quintão (PT), líder da oposição, afirma que o governador foi desrespeitoso com funcionalismo. “Ele fez acusações infundadas contra sindicatos e sindicalistas exatamente em um momento em que a reforma da Previdência que ele apresentou na Assembleia exige o maior diálogo possível e não o acirramento político”, declarou.