Por Itasat
Para os profissionais de saúde uma palavra pode resumir o ano de 2020: superação. Quem não perdeu a batalha contra a covid-19, precisou buscar forças para superar momentos de medo, incerteza, angústia, desespero e até de frustração por, às vezes, não conseguir salvar uma vida. Plantões de 12, 24 e até 36 horas levaram e levam os profissionais de saúde ao limite.
O trabalho, as dificuldades e os desafios desses profissionais que colocam a própria vida em risco para salvar quem eles nem conhecem são o tema da série especial: Linha de frente: os heróis da pandemia, iniciada nesta segunda-feira na Itatiaia.
Cirurgião-geral do setor de trauma do Pronto-Socorro João XXII, em Belo Horizonte, o médico Rodrigo Muzzi diz que o risco de infecção ocorre com todos profissionais da saúde, não somente com os que trabalham diretamente no combate à covid-19.
“Um ano muito difícil para nós, da área de saúde, porque é uma doença respiratória e qualquer paciente com covid pode sofrer um acidente, cair de moto, bater o carro, cair da escada, e vir aqui para a gente atender. Os meus pacientes tinham os mesmos riscos de ter. Então, não só os profissionais que trabalham em CTI de covid ou anestesistas, que têm de intubar pacientes. Os que não trabalham na área de covid também estão expostos aos riscos”, disse.
Além de combater uma doença desconhecida, os profissionais de saúde convivem com o medo de serem infectados e contaminas familiares. No caso do cirurgião-geral, o temor foi maior porque, logo no começo da pandemia, ele descobriu que a esposa estava grávida.
“Neste ano caótico e complicado para todo mundo, tive uma notícia boa, que foi o nascimento da minha filha no final de novembro. Foi um ano difícil, porque minha esposa engravidou logo no início da pandemia, quando estava tudo fechado, e eu tendo que trabalhar no hospital com a preocupação de me infectar, levar o vírus para a casa e contaminar minha esposa que estava grávida. Hoje, mesmo com a minha filha pequena, tenho esse mesmo medo”, disse.
Rodrigo Muzzi reforça a necessidade da manutenção das medidas de proteção, como uso de máscaras, higienização e distanciamento social. “Ficamos muito preocupados e, quando a gente achou que estava tudo bem, que iria resolver, veio a segunda onda no mundo inteiro e, obviamente, aqui também. Cada vez mais casos aparecendo, os hospitais enchendo”, disse o médico. “Temos que continuar atentos nesse ano tão difícil”, concluiu.
Nesta terça-feira (15), na segunda matéria da série, a reportagem vai ouvir relatos da fisioterapeuta Clarissa Matos, do hospital Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH. Ela fala sobre as perdas e recuperações de pacientes.