Por Itasat
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), fez uma analogia para ilustrar, em entrevista exclusiva à Itatiaia, a grave crise financeira pela qual passa Minas nos últimos anos, com orçamento no vermelho e pagamento parcelado do salário dos servidores públicos.
“A situação do estado é semelhante à de uma pessoa que ganha 3 mil reais por mês e precisa pagar aluguel, comer, pagar energia, pagar água e tem uma dívida de 100 mil. Essa pessoa vai conviver com essa dívida muitos e muitos anos. E uma pessoa que está nessa situação não vai poder assumir um compromisso de comprar um carro, de ampliar sua casa, de fazer algum investimento, porque ela está trabalhando para pagar a dívida”, afirmou.
Zema voltou a defender privatizações de estatais mineiras e disse que o grande tema na Assembleia Legislativa no primeiro semestre será o projeto de venda da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). “Nós precisamos da privatização da Codemig. Hoje, o estado já tem autorização para vender 49%, mas nós queremos vender 51%, porque se 49% vale 10 [bilhões de reais], 51% vale 20 [bilhões de reais]. Precisamos que a Assembleia seja bastante atuante com relação a isso”, declarou.
O chefe do Executivo mineiro argumenta que é com esses recursos que o estado sobreviverá até que outras grandes reformas sejam feitas no país. “Precisamos de uma reforma administrativa, precisamos de uma reforma tributária. Isso é o que vai dar um cenário futuro para Minas e para o Brasil. Hoje, as despesas continuam subindo de elevador e as receitas pela escada. O que nós temos feito em Minas é enxugar gelo.”
Reeleição
O governador, que já admitiu o objetivo de tentar a reeleição em 2022, declarou que, até agora, tem apenas apagado incêndios. “E vou continuar apagando. Nessa minha gestão de quatro anos, estou aqui por conta de pagar dívidas. Eu gostaria muito de estar fazendo uma gestão que trouxesse benefícios para o povo mineiro. É provável que, com o acordo da Vale, alguma coisa seja feita, mas eu continuo crendo que um segundo mandato é que vai propiciar que a gente venha a ter condição de fazer tudo que planejamos, porque a situação do estado, quando eu assumi, vi que era muito pior do que aquela que era informada.”
Acordo com a Vale
Zema afirma que “está bem encaminhado” um acordo com a mineradora Vale pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. O Governo de Minas pediu R$ 54 bilhões de indenização por danos morais coletivos e danos materiais e econômicos. Entretanto, a empresa ofereceu R$ 29 milhões na audiência mais recente, no dia 21 de janeiro, segundo o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Gilson Soares Lemes.
Foi dada mais uma semana para a mineradora fazer uma nova oferta, prazo vencido nessa sexta-feira (29). A data final foi prorrogada por mais 15 dias. “O acordo está bem encaminhado. É muito provável que nesse início de fevereiro nós tenhamos o acordo selado. Estou muito otimista. A empresa cedeu, o estado cedeu também. Algumas coisas que estavam sendo solicitadas foram revistas, porque havia ali, às vezes, algum excesso”, disse o governador.
Se não houver acordo, o assunto voltará à 6ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Belo Horizonte, para que o valor da indenização a ser pago pela mineradora seja arbitrado pelo juiz Elton Pupo Nogueira.