Por Itasat
O presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Carlos Lula, avalia que a situação crítica de colapso do sistema de saúde brasileiro, por conta do aumento de casos da covid-19, deve aumentar por pelo menos mais seis semanas. Segundo ele, para que haja uma melhora da situação, é essencial que o governo federal cumpra o cronograma previsto no plano nacional de imunização.
“As pessoas estão morrendo, muitas vezes sequer sem ter acesso a leitos. A tendência é que a gente tenha isso por pelo menos mais seis semanas. Nada aponta que isso vá diminuir agora. Talvez em meados de maio, se a gente conseguir cumprir o cronograma de vacinação, mas antes disso é improvável que a gente tenha uma diminuição, pelo contrário, a tendência nas próximas semanas, infelizmente, é aumentar esse número de óbitos”, disse.
“Eu não acreditava nisso semanas atrás, mas a gente deve ter nos próximos dias, infelizmente, a marca de 3 mil óbitos num dia só”, lamentou.
Após a troca no Ministério da Saúde, que será comandado por Marcelo Queiroga, o presidente do conselho afirmou que, se a pasta não fizer uma coordenação nacional da pandemia, a situação vai se agravar. “Já faltam respiradores, faltam monitores, o Brasil não tem mais bomba de fusão no mercado para vender. Vai faltar medicamento para intubar paciente. Se a gente não tiver um comitê diário de crise para monitorar isso, as próximas semanas serão ainda mais duras”, alertou.
Carlos Lula culpou o Ministério da Saúde pela falta de atitude no sentido de conscientizar a população sobre a gravidade do coronavírus e mencionou também o fato do presidente Jair Bolsonaro não usar máscara e causar, com frequência, aglomerações.
“A gente não viu uma propaganda do Ministério da Saúde pedindo para as pessoas lavarem as mãos. Se não tem comunicação neste um ano inteiro, se o ministério não diz claramente use máscara, mantenha o distanciamento social, faça a higiene correta das mãos, a sociedade se permite duvidar. Se a maior autoridade da República coloca em xeque as políticas de saúde pública, a população se sente no direito de duvidar”, finalizou.