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Cinco anos depois

Atingidos por rompimento de barragem em Mariana ainda sofrem com a falta de acesso à água

A água bruta é usada na agropecuária e é essencial para a renda das comunidades

25/03/2021 09h51Atualizado há 4 anos
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Por Itasat

Não só os dois reassentamentos que estão com o cronograma atrasado, mas também outras comunidades rurais atingidas pela tragédia da Samarco em Mariana, na região Central de Minas, cobram acesso à água para produção de alimentos e criação de animais.

Essa é a chamada água bruta, usada na agropecuária e essencial para a geração de renda das comunidades. A responsável pelas medidas de reparação é a Fundação Renova, criada pelas mineradoras Vale, Samarco e BHP para cuidar das ações de reparação após a tragédia. 

Moradora da comunidade Ponte do Gama, Maria da Conceição Santos de Paula critica a demora e revela que o abastecimento tem sido feito com caminhões pipa, que encontram cada vez mais dificuldade para acessar a zona rural.

“No momento a dificuldade é a estrada, que a Renova não está dando uma manutenção adequada. Pelos caminhões serem muito pesados pode ser que a estrada, em alguns pontos, não suporte o peso aí a gente corre o risco de ficar sem água. O que a comunidade espera é que a Renova resolva a questão do poço artesiano que já foi feito e ainda não foi feita a instalação de água para comunidade. Se houver alguma contaminação dessa água, que a Renova trate e instale para toda a comunidade.”

Quem presta consultoria para os atingidos de Mariana é a Cáritas Internacional. Assessor técnico da consultora, Geovane Assis, diz que não há um plano concreto para o fornecimento de água.

“As comunidades atingidas até o momento não receberam nenhum plano concreto por parte da Fundação Renova para a disponibilização de água bruta. Sem essa água em qualidade e quantidade suficientes, e que seja fornecida sem custo para as famílias atingidas, não existirá reassentamento coletivo, nem a longa nem a médio prazo. A Renova não comprovou nenhuma inviabilidade técnica para garantir o acesso a essas fontes e o uso de água, portanto não pode alegar que a água bruta será compensada financeiramente. O dinheiro acaba e as pessoas vão precisar da água sempre.”

Em nota, a Fundação Renova esclarece que a disponibilidade hídrica da região dos reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo foi estudada, sendo confirmada a existência de água suficiente para as finalidades produtivas e para uso doméstico.

Segundo a instituição, os sítios terão soluções individuais para a captação, seja em curso d’água ou poço artesiano para uso produtivo, além da água tratada para uso doméstico.

A Fundação Renova ressalta ainda que a definição do sistema de abastecimento de água dos reassentamentos sempre esteve ligada à opção com menor custo de operação para as comunidades, maior sustentabilidade a longo prazo e às variações das estações do ano.