Por Itasat
Pressionado por parte da torcida do Atlético, após pouco mais de um mês à frente do cargo, o técnico Cuca concedeu entrevista à TV Galo nesta segunda-feira dirigindo-se ao torcedor alvinegro. Cobrado por ainda não conseguir dar um padrão de jogo à equipe e por preferir certos jogadores em detrimento de outros, o treinador disse que sabe que não é comandante o preferido de alguns torcedores, mas pediu paciência e apoio para formar um time vencedor.
“Sei que não é o treinador preferido por parte de alguns torcedores, principalmente mais o virtual, mas hoje o torcedor tem que entender que sou eu que estou aqui. E sou eu que vou dar tudo de mim para tirar tudo desse grupo", avisou.
Sem citar o trabalho anterior de Jorge Sampaoli, Cuca falou do estilo de jogo da equipe em 2020, mas frisou que este não é o futebol praticado pelos seus times. “O Galo era um time posicional. Tinha os jogadores que jogavam em cada lugar. O meu estilo não é esse. É um estilo que eu deixo o jogador rodar um pouco mais, ter uma liberdade maior de flutuar nos espaços do campo”, disse.
“Então, muitas das vezes, o torcedor vai fazer um comparativo. ‘Não está legal, não era assim’. Cada um tem um estilo de trabalhar. E o estilo que eu pus no Santos (em 2020) deu certo, vingou. Aqui também, se Deus quiser, vai dar certo e vai vingar”, completou. Confira o víedo no link: https://youtu.be/3ko9KzhC16o
Cuca ressaltou que os jogadores terão que se adaptar ao novo estilo e isso demora um tempo. “Os trabalhos vão exigir que o jogador tenha essa dinâmica diferente do que eles tinham. Eu gosto de marcar no ataque, gosto de roubar a bola no ataque, gosto do jogador sanguíneo, e isso requer um tempo para que o jogador entenda”, afirmou.
“Por isso, peço ao torcedor que tenha paciência. O Cuca, que está aqui hoje, é o mesmo Cuca que tinha vontade de ganhar em 2012 e 2013. E, se Deus quiser, em 2021 a gente vai vencer de novo. Mas com calma, com paciência, passando pra eles a responsabilidade que eles têm, entendendo algum percalço que naturalmente vai vir ao longo do ano” acrescentou.
O treinador atleticano também falou em “criar uma família” no clube. Mas, para isso, será necessário parar de “autopressionar” o trabalho, ou seja, querer saber quando o time começará a jogar bem. A resposta foi um recado em cima da declaração feita por ele mesmo após a derrota por 1 a 0 no clássico contra o Cruzeiro, quando pediu dez dias para acertar o time.
“Eu entendo que a gente só vai poder vencer e ter uma chance boa na Libertadores se a gente criar uma família aqui no Galo. Definir um time é difícil. Definir e criar uma família no futebol é muito mais complicado. Requer muito mais tempo. Então, quando a gente nos autopressiona, como a gente está fazendo agora, (atrapalha). ‘Quando o time vai jogar?’, ‘quando vai ter a resposta?’, essas coisas não têm uma data, um número pra eu dizer ‘daqui a 10 dias vamos estar assim, daqui a 20 dias...’, como a gente tem respondido nas coletivas, principalmente pós-jogo. O Galo, com 10 jogos, ganhou oito, é o melhor rendimento do Brasil, e a gente está nos autopressionando muito”, desabafou.
Campeão da Libertadores de 2013 no Galo, Cuca disse que não foi contratado apenas pelo histórico vitorioso no clube. Ele relembrou os trabalhos feitos no Santos (vice-campeão da Libertadores em 2020), no Palmeiras (campeão brasileiro de 2016) e no São Paulo. O treinador também ressaltou que não consegue agradar a todos com apenas um mês e voltou a repetir que fará um bom trabalho no Atlético.
“Minha vinda, hoje ao Atlético, foi em cima do que eu conquistei? Acho que em parte, sim, mas, em outra parte, ano passado e, neste ano, eu fui eleito o melhor treinador da América do Sul. Então, estou vindo pelo trabalho que eu fiz no Santos, fiz no Palmeiras, fiz no São Paulo. E vou repetir aqui no Galo um trabalho bom. Pode ter certeza. Só que não tem como, em um mês, eu ter agradado ao Paulo e ao João ao mesmo tempo”, frisou.
O “desabafo” de Cuca ocorre a dois dias da estreia do Atlético na Libertadores. O time entra em campo nesta quarta-feira, às 19h (horário de Brasília), para enfrentar o Deportivo La Guaira, em Caracas, na Venezuela. Apesar de ter viajado com a delegação, o treinador não poderá estar à beira do gramado, pois terá que cumprir dois jogos de suspensão pela expulsão na final do torneio de 2020, quando dirigia o Santos e perdeu para o Palmeiras, no Maracanã.