Por Itasat
O Cruzeiro conseguiu reduzir as dívidas do clube em alguns pontos em relação a 2019, como nos empréstimos bancários e financiamentos, além dos débitos em curto prazo. No entanto, os gastos com obrigações trabalhistas dobraram, saltando de R$ 82,7 milhões no ano retrasado para R$ 163,5 milhões na temporada passada.
Desta forma, quase 20% da dívida total apurada pelo Cruzeiro em 2020 (estimada em R$ 897 milhões) estão com as obrigações trabalhistas, que englobam salários, encargos sociais, férias, 13º, rescisões de contratos, acordos e luvas do departamento de futebol profissional, das categorias de base, dos clubes sociais e dos setores administrativo, comercial e marketing.
Só de rescisões de contratos e acordos, a dívida subiu de R$ 22 milhões em 2019 para R$ 71,7 milhões no ano passado considerando todos os setores do clube. O salto pode ser explicado por duas situações que atingiram principalmente o departamento de futebol profissional.
Um deles é a reformulação do elenco pós-rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, quando vários jogadores deixaram a Raposa, além de demissões de funcionários do administrativo e do departamento de futebol visando reequilíbrio financeiro do clube.
O outro motivo é a troca constante de treinadores ao longo da temporada – foram quatro no total: Adilson Batista, Enderson Moreira, Ney Franco e Luiz Felipe Scolari. A demissão dos técnicos antes do término dos contratos gerou custos ao Cruzeiro no ato da rescisão.
Dívidas de obrigações trabalhistas no longo prazo crescem quase 8.000%
A dívida circulante (a vencer em até 12 meses) em relação às obrigações trabalhistas passou para R$ 90,8 milhões (contra R$ 81,7 milhões em 2019).
Já o débito não circulante (com prazo para pagar superior a um ano) teve um crescimento assustador. O valor saltou de R$ 953 mil na temporada retrasada para R$ 72,6 milhões em 2020, um aumento de 7.618%.
O crescimento gigante da dívida no longo prazo pode ser explicado pelas derrotas do Cruzeiro na Justiça por dívidas com jogadores que entraram com processo contra o clube para rescindir o contrato.
Dentre os acordos de longo prazo que chamam mais atenção são os do atacante Fred (R$ 25 milhões, que começará a ser pago em janeiro de 2022) e do lateral-esquerdo Dodô (R$ 15 milhões, a ser quitado também a partir do início do próximo ano).
Confira os gastos do Cruzeiro com obrigações trabalhistas:
Salários e ordenados
R$ 49,8 milhões (2020)
R$ 32,6 milhões (2019)
Encargos Sociais
R$ 21,9 milhões (2020)
R$ 16,8 milhões (2019)
Provisão de férias e 13º salário
R$ 17 milhões (2020)
R$ 11,1 milhões (2019)
Rescisões contratuais parceladas / Acordos
R$ 71,7 milhões (2020)
R$ 22 milhões (2019)
Luvas a pagar
R$ 3 milhões (2020)
R$ 0 (2019)
TOTAL
R$ 163,5 milhões (2020)
R$ 82,7 milhões (2019)