Por Itasat
O Tribunal de Contas da União (TCU) instaurou um procedimento interno para apurar a conduta do servidor que teria produzido um documento pessoal questionando o número de mortes por covid-19 no país.
Esse documento foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro como forma de comprovar sua tese de que cerca de metade das mortes registradas como covid-19 não seriam causadas pela doença. O TCU ressaltou que o documento não consta de quaisquer processos oficiais seja como informações de suporte, relatórios de auditoria ou manifestação do tribunal.
Ainda conforte o TCU, os questionamentos produzidos pelo servidor não são respaldados pelo órgão de fiscalização.
O corregedor do TCU, ministro Bruno Dantas, afirmou que "os fatos são graves e será necessário aprofundamento para avaliar a sua real dimensão". De acordo com Dantas, o auditor precisa ser punido caso confirmada a irregularidade. "Se ficar comprovado que o auditor utilizou o cargo para induzir uma linha de fiscalização orientada por convicções políticas, isso será punido exemplarmente."
A polêmica começou na segunda-feira (7), quando ao conversar com apoiadores no Palácio da Alvorada Bolsonaro atribuiu a informação sobre supernotificação de mortes ao próprio TCU, mas foi desmentido na sequência. Em nota, o tribunal disse que não "há informações em relatórios do tribunal que apontem que 'em torno de 50%' dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid, conforme afirmação do presidente Jair Bolsonaro".
Bolsonaro disse aos apoiadores que os prefeitos e governadores estariam utilizando essa suposta supernotificação de óbitos para pleitear mais recursos da União no combate à pandemia.
Nessa terça-feira (8), Bolsonaro voltou ao assunto e admitiu que errou ao atribuir o dado ao TCU, mas voltou a questionar o número de óbitos pela covid-19 no país e prometeu acionar a Advocacia-Geral da União para apurar suposta supernotificação de óbitos.
Alguns dos apoiadores do governo reproduziram o relatório do servidor do TCU que aponta a "supernotificação" de mortes por covid para reforçar a narrativa. Na nota, a corte de contas esclareceu que o levantamento não é oficial.
"O TCU reforça que não é o autor de documento que circula na imprensa e nas redes sociais intitulado ‘Da possível supernotificação de óbitos causados por Covid-19 no Brasil’", diz trecho da nota.