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Talibã no Afeganistão: Saiba tudo sobre a ocupação de Cabul e os impactos dela

A influência dos Estados Unidos no colapso afegão, os impactos da ofensiva do Talibã na vida de mulheres afegãs e a retrospectiva da tomada do país pelos fundamentalistas; leia

17/08/2021 10h26Atualizado há 3 anos
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Por Itasat

A ocupação do Afeganistão pelo grupo extremista islâmico Talibã, nesse domingo (15), aconteceu poucas horas depois da fuga do presidente Ashraf Ghani do país. Cenas de afegãos tentando escapar pelo aeroporto de Cabul e pelas estradas do país impactaram o mundo às últimas horas – a agência Reuters confirma que cinco pessoas morreram em confusão no aeroporto.

A influência dos Estados Unidos no colapso afegão, os impactos da ofensiva do Talibã na vida de mulheres afegãs e a retrospectiva da tomada do país pelos fundamentalistas são alguns dos pontos esclarecidos a seguir. 

O que é o Talibã? 

Guerrilheiros apoiados pelos Estados Unidos à época da Guerra Fria reuniram-se para criar o Talibã, que alcançou o poder no Afeganistão nos anos 1990. O grupo propõe transformar o país em um Emirado Islâmico. 

Carro-bomba

Um ataque com carro-bomba deixou oito mortos em Cabul na madrugada de 4 de agosto. O Talibã reivindicou a autoria da ofensiva e, àquela semana, já avançava rumo a cidades afegãs em meio à retirada de militares norte-americanos. Aquele foi o primeiro ataque na capital do país. Antes, confrontos violentos já haviam ocorrido à região Sul do Afeganistão. 

Tomada de Cabul

O Talibã chegou à cidade de Cabul nesse domingo (15). Um porta-voz do grupo extremista declarou que uma “rendição pacífica” foi discutida com o governo afegão. Por meio das redes sociais, o gabinete do presidente do país afirmou que disparos foram ouvidos na chegada da milícia à cidade. Àquela hora, cerca de 25 capitais de províncias afegãs estavam sob controle do Talibã. 

Horas após a invasão, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugiu do país. Fundamentalistas islâmicos do Talibã assumiram o controle da capital logo depois.

Mortes no aeroporto

Dez pessoas, pelo menos, morreram na segunda-feira (16), no aeroporto de Cabul. Com a invasão do Afeganistão pelo Talibã, milhares de moradores da capital tentaram embarcar em aviões para deixar o país – o grupo invadiu a pista, e algumas pessoas se penduraram em aeronaves em movimento.

De acordo com a emissora afegã Tolonews, três pessoas morreram após se esconderem em uma das rodas e na asa de um avião, e caírem em telhados. O The Wall Street Journal indicou ainda que três pessoas foram mortas a tiros – segundo a agência Reuters, cinco pessoas morreram na confusão. 

Ameaça às mulheres

O retorno do Talibã ao poder no Afeganistão já provoca profundas mudanças na rotina dos cidadãos. No período em que o grupo comandou o país entre 1996 e 2001, a educação de meninas foi proibida, assim como o trabalho feminino. Para sair de casa ou viajar, elas precisavam ser acompanhadas por um parente do sexo masculino – suspeitas de adultério feminino eram penalizadas com o apedrejamento.

Segundo relatos, o Talibã já aterroriza mulheres e crianças com ameaças de casamentos forçados, sequestro e violência física. 

Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos da América (EUA) Joe Biden discursou à tarde de segunda-feira (16), pela primeira vez após o ataque do Talibã a Cabul, capital do Afeganistão. Biden rebateu críticas à posição norte-americana e disse que a situação no país africano colapsou antes do que ele previa. Em relação a uma possível intervenção dos Estados Unidos no conflito, Biden alegou que o país lutará pela diplomacia e pelo combate ao terrorismo. 

Norte-americanos são peça-chave para entender a investida do Talibã para tomar o Afeganistão: o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acordou com o grupo terrorista que as tropas dos EUA seriam retiradas até 1º de maio de 2021 – o que aconteceu. “A escolha que eu tive que fazer foi entre continuar nesse acordo ou voltar para a luta contra o Talibã”, afirmou Biden. 

Pedido de paz 

Além dos Estados Unidos, outros 60 países emitiram um comunicado pedindo que afegãos e estrangeiros tenham permissão para sair do país. O Brasil não está entre as nações signatárias do documento. 

“Situação pacífica”

Autoridades do Talibã disseram na segunda-feira (16), que não souberam de confrontos no país desde que ocuparam Cabul. “A situação é pacífica, de acordo com nossas informações”, disse o grupo extremista.