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Cerca de 113 mil cirurgias foram adiadas em Minas Gerais pela pandemia de Covid-19, aponta estudo da UFMG

A pesquisa inédita na América Latina estimou atrasos de cirurgias eletivas e de emergência no Brasil

04/09/2021 10h28
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Por Itasat

Mais de 1 milhão de cirurgias foram acumuladas no país em 2020. Apenas em Minas Gerais, pelo menos 113 mil operações não foram realizadas, sendo que 13 mil seriam de emergência e 100 mil eletivas. 

Inédita na América Latina, a pesquisa estimou o atraso nas cirurgias eletivas e de emergência em decorrência ao combate à pandemia. O estudo foi feito pelo estudante Ramon Bernardino e os egressos Isabella Faria e Fábio Botelho. Todos eles são da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

Realizado no âmbito do Programa em Cirurgia Global e Mudança Social (PGSSC), que reúne os hospitais de ensino da Universidade de Harvard, o Departamento de Saúde Global e Medicina Social da Harvard Medical School, o Hospital Infantil de Boston (BCH) e o Partners in Health (PIH), o trabalho foi publicado na edição regional da revista The Lancet. 

De março a dezembro de 2020, o acúmulo foi de 1.119.433 cirurgias, sendo 161.321 de emergência e 928.758 de operações eletivas. “Observamos uma queda de 40% de cirurgias eletivas realizadas no Brasil na comparação com o ano anterior. Essa redução se explica pela priorização de procedimentos mais urgentes, realocação de recursos e manejo dos profissionais de saúde durante a pandemia, padrão que também é observado em outros países com grande volume de cirurgias”, explica a médica Isabella Faria, pesquisadora associada do Harvard PGSSC.

Para os autores do estudo, se houvesse uma combinação de medidas de contenção mais restritivas e preparo maior do sistema de saúde menos cirurgias seriam canceladas ou adiadas. “Com isso, não teríamos um contingente gigantesco de atrasos cirúrgicos. Essa discussão surge da observação dos resultados de outros países em outros estudos”, analisa Faria.

O estudo apontou ainda que todas as regiões brasileiras foram atingidas, sendo o Sudeste e o Nordeste com maior acúmulo total de cirurgias. 

Conforme a pesquisadora, “esse estudo pode auxiliar na adoção de políticas públicas para atenuar os efeitos desse acúmulo e para garantir um acesso seguro, em tempo hábil e de qualidade a serviços de cirurgia pela população”.

Metodologia

O grupo coletou dados entre janeiro de 2016 e dezembro de 2020 referentes ao número de cirurgias realizadas mensalmente por estado do Brasil por meio da plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Além disso, eles levaram em consideração o número de casos confirmados de Covid-19 notificados mensalmente por estado e dados da Oxford Covid-19 Government Response Tracker (OxCGRT), base alimentada por colaboradores de diversos países. 

O cálculo do represamento de cirurgias por estado foi feito com base na estimativa do número de procedimentos que seriam realizados em 2020, levando em consideração os dados dos anos de 2016 a 2019, usando o modelo Arima (Autoregressive Integrated Moving Average).

Desta forma, modelos foram construídos para calcular o acúmulo de cirurgias eletivas, de emergência e o número total de operações em relação aos índices de rigor diário e contenção e saúde.