Por Itasat
Nem água, nem esgoto. Cidadãos de Governador Valadares, no Leste de Minas, aguardam por essas obras que fazem parte do acordo pela tragédia da Samarco, em Mariana. A única fonte de água na cidade é o Rio Doce, atingido pela onda de lama e rejeitos da mineração em novembro de 2015.
Segundo o prefeito da cidade de 280 mil habitantes, André Merlo (PSDB), estão em atraso obras prometidas pela Fundação Renova para captação de água e tratamento de esgoto. “Muito pouco entregue, então nós temos um compromisso por parte da Renova de entregar para Valadares a nova captação de água no valor de R$ 155 milhões, essa obra está em andamento, mas totalmente atrasada, R$ 62 milhões em relação à saneamento, a tratamento de esgoto e também destinação resíduo sólido, mas também nada efetivado. A população mesmo não foi atendida ainda em relação a tudo que aconteceu oriundo da tragédia de Mariana.
De acordo com o prefeito, o ideal seria que o acordo de reparação pela tragédia de Mariana fosse repactuado. André Merlo cita o que considera ter sido um bom acordo pela tragédia de Brumadinho como exemplo. “É claro que vamos nos espelhar nessa situação de Brumadinho que foi célere, foi rápida.”
Com cerca de 130 mil habitantes, Colatina é a nona cidade mais populosa do Espírito Santo, Estado que tem 78 municípios. Conhecida como capital do café, Colatina é banhada pelo rio Doce e também foi afetada pela tragédia da Samarco em 2015. O prefeito da cidade, Guerino Balestrassi (PSC), admite que os atingidos da cidade receberam indenização, mas afirma que dos R$ 50 milhões prometidos ao município apenas R$ 4 milhões foram liberados. “A cidade de Colatina recebeu recursos significativos para os atingidos, mas investimento e aplicação de infraestrutura nós tivemos já pactuadas cerca de 50 milhões e só liberado até agora 4 milhões, isso devido a falhas administrativas, fase de articulação, a comunicação com a Fundação Renova, que estamos trabalhando para melhorar, e a burocracia de uma maneira geral.”
O prefeito de Colatina vê com bons olhos a iniciativa dos governadores de Minas Gerais e do Espírito Santo que tentam rever na justiça termos do acordo firmado em 2016, que culminou com a criação da Fundação Renova. “A negociação feita pelo governo de Minas no caso de Brumadinho tem sido elogiado e nós capixabas vemos essa ação muito bem executada. É lógico que nós gostaríamos que o Fórum de Prefeitos tivesse mais presença, fosse mais ouvido e agora estamos torcendo para que essa repactuação feito pelo governo de Minas e Espírito Santo no caso Mariana seja também exitosa.”
Em nota, a Fundação Renova afirma que disponibilizou mais de R$ 600 milhões para projetos de saneamento e destinação adequada de resíduos sólidos nos 39 municípios da bacia do Rio Doce atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão.
Segundo a fundação, a definição do valor destinado a cada município leva em conta o número de habitantes, o montante de repasse do Fundo de Participação dos Municípios, o nível do impacto sofrido nos sistemas de abastecimento de água das localidades e o percentual de esgoto tratado.