Por Itasat
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Cemig, que ocorre na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ouviu nesta quinta-feira (07), a diretora geral da Kroll, empresa contratada para investigar possíveis irregularidades no setor de compras da Cemig. A Comissão segue investigando a contratação de empresas prestadoras de serviços sem licitação.
Os primeiros contatos da Kroll com a Cemig foram em novembro de 2020, mas apenas em abril deste ano a empresa foi formalmente contratada pelo valor de R$3,4 milhões. Segundo Fernanda Barroso Carneiro, representante da Kroll, essa prática se deve pelo sigilo das investigações. "Neste caso, em se considerando que os investigados são do departamento de compras especificamente, te torna então mais necessário garantir essa assinatura posterior do contrato porque ninguém do departamento de compras pode ter acesso a essa contratação", explicou.
O vice-presidente da CPI da Cemig, deputado professor Cleiton (PSB), afirmou que a contratação da Kroll deveria ser feita mediante licitação. "Para ficar evidente que era possível licitar o serviço sem citar a área que seria investigado. Afinal de contas, para esse tipo de serviço os preços são cotados por hora do profissional", disse.
A representante da Kroll, que prestou depoimento na condição de testemunha, admitiu que a empresa acessou dados de computadores e celulares de servidores da Cemig. Entre os dados levantados estão informações sobre parentes de terceiro grau de servidores da Cemig, filiação partidária e sociedades em empresas. Conforme a depoente, essas práticas são comuns em processos de investigação e disse que a estatal estava ciente dessas práticas.
"Nós temos a definição de conteúdo das diligências de integridade no referencial de combate à fraude e corrupção do Tribunal de Contas da União. No guia de avaliação de risco de corrupção da ONU, pacto global. No manual dos investigadores de fraude certificados e no guia de Boas práticas do departamento de justiça americano. É importante dizer, senhor deputado, justamente para clarear quaisquer equívocos sobre essa atividade que a diligência de integridade é realizada com base em registros públicos, registros que são acessíveis por qualquer pessoa. Não existe nenhuma atividade ilegal realizada nessa investigação. Todo o trabalho que nós realizamos foi encontrado e tem como anuente a Cemig", explicou.
A reportagem entrou em contato com a Cemig que afirmou, por meio de nota, que autorizou a Kroll a coletar dados nos computadores da empresa. Disse também que a Kroll foi contratada após a companhia sido comunicada pelo Ministério Público de apurações sobre conduta de então gestores da área de compras, envolvendo supostos casos de corrupção. Conforme a Cemig, esses gestores estão afastados enquanto durarem as investigações.