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ANÁLISE

Autoridades investigam se construção de grande empreendimento pode ter relação com tragédia em Capitólio

Bombeiros veem situação como pouco provável; Polícia Civil prosseguirá com investigação

10/01/2022 11h23
Por: Redação

Por Itasat

Autoridades investigam se a construção de um grande empreendimento localizado próximo aos Cânions de Furnas, em Capitólio, pode ter contribuído para o desabamento parcial de um paredão de rocha no último sábado (10). Ao todo, dez pessoas morreram e nove dessas vítimas já foram identificadas. 

Em entrevista, segundo o Tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros, informações iniciais dão conta de que o avanço do empreendimento e a tragédia não possuem relação, embora o fato será investigado pela Polícia Civil. 

“As informações que chegaram é que não houve interação entre o evento e essas obras, mas, dentro da investigação, a Polícia Civil e os demais órgãos vão poder atestar se, de fato, houve alguma influência. A gente fala de um local que tem formação de rochas sedimentares, que, naturalmente, estão muito mais sujeitas principalmente à atuação das águas e também do vento”, disse.

“Do ponto de vista geológico, até pela questão do tamanho desse empreendimento e da característica da região, é pouco provável que isso tenha acontecido, mas isso dentro de uma análise geológica. Do ponto de vista criminal de investigação, isso realmente fica a cargo da Polícia Civil”, complementou.

Aihara também respondeu se as obras para a construção de um resort próximo aos Cânions estão em andamento.

A informação que a gente recebeu, mas isso a gente não atestou, é que estavam acontecendo intervenções nas proximidades. Pela característica de rocha, é importante destacar que foi um tombamento, gerando aquela queda diagonal. Esse fenômeno faz parte da configuração do relevo. Aquela região se chama Escarpas do Lago porque temos uma série de descontinuidades e o relevo vai sendo formado por ações de intemperismo, que é situação de chuva e de vento e pela erosão, que é a deposição desse material”, detalhou.

O porta-voz explicou o que tornou a situação atípica na tragédia nos Cânions de Furnas.

“Esse tipo de fenômeno que aconteceu já é previsto na região. O que foi atípico dessa vez? O tamanho desse maciço rochoso, a forma como ele caiu e também a coincidência de se acontecer no momento em que nós tínhamos uma grande quantidade de turistas lá e coincidiu com o horário turístico. Se isso tivesse acontecido de madrugada, por exemplo, a gente não teria essa questão de vítimas”, enfatizou.

“Nesses locais com essa formação, como já existem descontinuidades, que são fraturas naturais na pedra, quando a gente tem uma situação natural ou que pode ser influenciada por chuva, pode acontecer uma situação daquela. Aquele fenômeno ter acontecido pode não ter sido influenciado por nenhum fator externo do ponto de vista antrópico, provocado pelo homem, pode ser realmente uma interação do próprio relevo da região que se comporta dessa forma”, concluiu.