Por Itasat
Moradores da Colônia Santa Isabel e do bairro Citrolândia, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ainda contabilizam os prejuízos e precisam de ajuda após perderem móveis, eletrodomésticos e alimentos com as fortes chuvas no início do mês.
A situação é ainda mais grave, porque o Rio Paraopeba e o Córrego Bandeirinhas transbordaram e, após o recuo das águas, veio o susto. Uma lama densa tomou as ruas e casas.
De acordo com a AEDAS (Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social), a lama do Rio Paraopeba está cheia de rejeitos de minério que vieram da barragem da Vale, em Brumadinho, que se rompeu em janeiro de 2019.
Conforme a AEDAS, análises recentes da água do rio constataram alta concentração de metais pesados, que podem causar doenças. É o que explica Ísis Táboas, coordenadora da associação.
“Atualmente, são encontrados índices acima do permitido para alguns metais pesados, como alumínio, ferro e manganês. Esses metais, na concentração que encontramos hoje no rio Paraopeba, provocam doenças neurológicas e de pele, que se expressam nas coceiras, vermelhidão da pele, dores de cabeça das pessoas que têm contato direto com a água. A AEDAS tem uma consultoria especializada na análise da água que já realizou mais de 200 coletas ao longo de 2021”, disse Ísis Táboas.
“Agora, com a chuva dos alagamentos de janeiro, também fizemos algumas coletas da água ou da lama que tomaram os municípios da Região Metropolitana. A gente já pode adiantar que as coletas e análises orientadas pela AEDAS dos meses anteriores a essa coleta, assim como o monitoramento feito pelos órgãos públicos, estão apontando uma alta construção de metais pesados”, complementou a coordenadora.
Diante de tudo isso, moradores da região ,com o apoio do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), começam às 8h da manhã, na Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel, em Betim, um protesto contra a Vale. Quem dá mais detalhes é o Coordenador Nacional do MAB, Joceli Andreoli.
“Importante ato sobre a situação calamitosa que se encontra a população atingida por essa ampliação do crime da Vale, que se dá nesse momento na trajetória desse rio. Tinha um assoreamento feito pela mineração, feito pelo crime que a Vale cometeu em Brumadinho, e agora essa lama contaminada chega dentro das casas das pessoas, assim como também Juatuba, São Joaquim de Bicas, lá em Brumadinho mesmo e várias outras cidades da Calha do Paraopeba. A Vale tem que ser punida por isso e tem que fazer a reparação necessária”, enfatiza Joceli Andreoli.
Questionada sobre essa situação, a Vale afirmou, em nota, que está acompanhando com uma equipe técnica as regiões alagadas e conduz um estudo para identificar se o problema com a lama tem mesmo relação com o rompimento da barragem em Brumadinho.
A empresa diz que já forneceu equipamentos e mão de obra para limpeza de áreas públicas e particulares afetadas. Além disso, a Vale afirma que o rejeito de minério de ferro é formado em sua maioria por minerais ferrosos e quartzo, que são classificados como não perigosos e, portanto, não seriam tóxicos.