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CADEIA DE PROBLEMAS

Moradores da Colônia Santa Izabel protestam contra lama de rio que pode estar contaminada

Aedas denuncia que lama está cheia de rejeitos de minério da barragem que se rompeu em Brumadinho, em 2019

27/01/2022 08h35
Por: Redação

Por Itasat

Moradores da Colônia Santa Isabel e do bairro Citrolândia, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ainda contabilizam os prejuízos e precisam de ajuda após perderem móveis, eletrodomésticos e alimentos com as fortes chuvas no início do mês. 

A situação é ainda mais grave, porque o Rio Paraopeba e o Córrego Bandeirinhas transbordaram e, após o recuo das águas, veio o susto. Uma lama densa tomou as ruas e casas. 

 De acordo com a AEDAS (Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social), a lama do Rio Paraopeba está cheia de rejeitos de minério que vieram da barragem da Vale, em Brumadinho, que se rompeu em janeiro de 2019. 

Conforme a AEDAS, análises recentes da água do rio constataram alta concentração de metais pesados, que podem causar doenças. É o que explica Ísis Táboas, coordenadora da associação. 

 “Atualmente, são encontrados índices acima do permitido para alguns metais pesados, como alumínio, ferro e manganês. Esses metais, na concentração que encontramos hoje no rio Paraopeba, provocam doenças neurológicas e de pele, que se expressam nas coceiras, vermelhidão da pele, dores de cabeça das pessoas que têm contato direto com a água. A AEDAS tem uma consultoria especializada na análise da água que já realizou mais de 200 coletas ao longo de 2021”, disse Ísis Táboas.

“Agora, com a chuva dos alagamentos de janeiro, também fizemos algumas coletas da água ou da lama que tomaram os municípios da Região Metropolitana. A gente já pode adiantar que as coletas e análises orientadas pela AEDAS dos meses anteriores a essa coleta, assim como o monitoramento feito pelos órgãos públicos, estão apontando uma alta construção de metais pesados”, complementou a coordenadora.

 

Diante de tudo isso, moradores da região ,com o apoio do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), começam às 8h da manhã, na Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel, em Betim, um protesto contra a Vale. Quem dá mais detalhes é o Coordenador Nacional do MAB, Joceli Andreoli. 

“Importante ato sobre a situação calamitosa que se encontra a população atingida por essa ampliação do crime da Vale, que se dá nesse momento na trajetória desse rio. Tinha um assoreamento feito pela mineração, feito pelo crime que a Vale cometeu em Brumadinho, e agora essa lama contaminada chega dentro das casas das pessoas, assim como também Juatuba, São Joaquim de Bicas, lá em Brumadinho mesmo e várias outras cidades da Calha do Paraopeba. A Vale tem que ser punida por isso e tem que fazer a reparação necessária”, enfatiza Joceli Andreoli.

Questionada sobre essa situação, a Vale afirmou, em nota, que está acompanhando com uma equipe técnica as regiões alagadas e conduz um estudo para identificar se o problema com a lama tem mesmo relação com o rompimento da barragem em Brumadinho. 

A empresa diz que já forneceu equipamentos e mão de obra para limpeza de áreas públicas e particulares afetadas. Além disso, a Vale afirma que o rejeito de minério de ferro é formado em sua maioria por minerais ferrosos e quartzo, que são classificados como não perigosos e, portanto, não seriam tóxicos.