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Após Brumadinho

Zema quer que Vale assuma R$ 7 bilhões em obras para indenizar estado após Brumadinho

Outra intervenção que o governador quer que a Vale resolva e negocia é sobre a segurança hídrica da Grande BH, que depende dos rios Paraopeba e das Velhas

20/01/2020 11h28
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A cinco dias antes de a tragédia de Brumadinho completar um ano, no dia 25, o governador Romeu Zema (Novo) quer que a Vale realize obras de infraestrutura e obras sociais para indenizar Minas Gerais. A declaração do governador foi feita hoje (20), em entrevista coletiva no Palácio Tiradentes. "Em vez de multas, preferimos que realizem obras, uma vez que o nosso estado, devido à crise no setor minerário que se seguiu foi o único a apresentar recessão. São dezenas de obras, mas não as posso elencar até que em fevereiro seja fechado. Nosso investimento é de R$ 70 milhões no ano, a intenção é que se mantenha isso pela empresa num Horizonte de 100 anos (cerca de R$ 7 bilhões)".

Contudo, a empresa e o governo ainda não teriam chegado a um acordo. "Temos enfrentado resistência da empresa e se for preciso vamos judicializar a questão, mas seremos duros e estamos confiantes em resolver essa questão por negiciação. Os valores que nos ofertam ainda não estão dentro do que queremos", disse o governador.

Outra intervenção que o governador quer que a Vale resolva e negocia é sobre a segurança hídrica da Grande BH, que depende dos rios Paraopeba e das Velhas, o primeiro já atingido e todos eles na rota de barragens antigas e de processo construtivo mais temerário, de alteamento a montante. "Para garantir a segurança hídrica da região a Vale terá de fazer uma série de obras para integrar as duas bacias, uma vez que o descomissionamento das barragens terá de ocorrer até 2022", afirma Zema, lembrando que em maio de 2019 ele sancionou a Lei Mar de Lama, que determina o descomissionamento de barragens de sistema a montante seja realizado em 3 anos.

Sobre as buscas às vítimas, o governador surpreendeu ao considerar como vítimas dois fetos que morreram soterrados pela lama nós ventres de suas mães. Zema usou o termo que as famílias atingidas se referem aos entes perdidos chamando-os de joias. "As operações de buscas vão continuar até que as 272 jóias tenham todas sido encontradas e suas famílias recebam um funeral adequado. Lembrando que as vítimas foram também duas mulheres grávidas. Uma família sem poder dar um funeral é muito mais traumatizada", destacou o governador.
 
Sobre a questão criminal, o procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Sérgio Tonet, relembrou que logo que ocorreu a tragédia R$ 1 bilhão foi bloqueado da Vale. "Conseguimos também bloquear R$ 5 bilhões em recursos da presa para garantir as reparações e ações emergenciais". Sem dar uma data precisa, o procurador informou que o MO e a Polícia Civil deverão indiciar os responsáveis pelos danos ambientais e mortes no próximos dias, tanto da mineradora quanto de empresas envolvidas, como a consultoria Tüv Süd, que emitiu laudos de estabilidade para a barragem rompida.