Por Itasat
Um mês após a tragédia em Capitólio, no Centro-Oeste de Minas Gerais, que matou dez pessoas e deixou quase trinta feridos devido ao desabamento de uma rocha de um cânion do lago de Furnas, comerciantes amargam prejuízos pela ausência de turistas. Cancelamentos de diárias em hotéis, passeios e queda no movimento de estabelecimentos como bares e restaurantes se tornaram frequentes e são registrados cada vez mais pelos empresários do setor.
Os passeios de lancha foram proibidos pela Polícia Civil e Marinha do Brasil nos lagos de Furnas durante uma semana, afetando a arrecadação no local. A permissão retornou em 13 de janeiro, mas desde então o movimento tem sido inferior do que o esperado para o início de ano.
Hotéis convivem com o cancelamento de diárias e os bares e restaurantes também vivem queda de público. Inúmeras lanchas ficaram no cais e as poucas que saíram não puderam chegar aos cânions – atração que antes era imperdível. O local está interditado enquanto ocorrem as investigações que buscam entender o que teria causado o desmoronamento da pedra.
Os lojistas afirmam que o faturamento caiu mais de 80%. Nesta terça-feira (08), data que marca 30 dias depois do triste 8 de janeiro, a equipe da Itatiaia esteve em Capitólio para conversar com alguns comerciantes. O chefe de cozinha, Takai Souza, dono de um restaurante na Praia Artificial, na entrada da cidade, contou como estão as vendas após a tragédia.
"O movimento caiu muito. Sim com certeza 80% caiu na cidade o movimento em geral. O fluxo de 4x4, de pessoal passeando, ônibus não está tendo. Foi cancelado, pousadas. Até os comerciantes em geral aqui o movimento caiu", disse.
O comerciante Marcos Alves de Andrade também conta que o movimento na cidade turística reduziu muito e afirma que toda a cidade vive um momento de tristeza. "O comércio local caiu muito, pousadas estão sem movimento, tudo mandando os funcionários embora, está difícil. O pessoal está meio triste", lamentou.
O prefeito Capitólio, Cristiano Geraldo da Silva, explica o que tem sido feito para ajudar as famílias mais carentes após a queda do turismo na cidade. "Nós temos aqui a Secretaria de Desenvolvimento Social, nós estamos estudando um projeto de benefício para essas pessoas que estão em dificuldades, a gente acredita que até sexta-feira deve sair o relatório orçamentário para ver se a gente consegue fazer essa destinação para estar auxiliando, principalmente os trabalhadores que dependiam do dia a dia do turismo. Mas eu acredito que tudo que eles mais querem é poder voltar a trabalhar com aquilo que eles amam", afirmou.
O secretário estadual de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, detalha as ações que têm sido feitas para evitar tragédias do tipo em outros pontos turísticos de Minas. "Estão sendo monitorados juntamente com o Ministério do Turismo que logo depois da tragédia chamou todos os estados. Nós estamos fazendo um trabalho com o Instituto Nacional de Geologia para identificar os lugares que há problemas. No entanto, há uma questão muito fundamental: todos os turistas e a população em geral se atentarem para os alertas diários da Defesa Civil de Minas Gerais. Informação eu acho que é o mais importante. E os laudos geológicos começaram e quando eles nos derem a luz nós vamos abrir os destinos que ocorrem problemas e abrir com ordenamento, com segurança para que as pessoas possam continuar visitando, mas claro com segurança", pontuou.
Governo anuncia investimento de R$ 5 mi para em segurança e turismo em Capitólio
Nesta terça-feira (08), o governo de Minas Gerais apresentou, juntamente com parceiros, o plano operacional “Reviva Capitólio - Viva o Mar de Minas”. A iniciativa se divide em quatro eixos estratégicos e contempla 80 ações, com total de R$ 5 milhões em investimentos. A proposta é promover a segurança de trabalhadores e turistas, além de fortalecer o turismo na região - uma das mais visitadas do estado, por meio de estratégias de reestruturação, ordenamento, capacitação e regulamentação de uso e ocupação de cânions e suas águas.
O grupo de trabalho formado para o desenvolvimento das ações conta com o Governo de Minas, por meio da Secult, além das prefeituras de Capitólio, São José da Barra e São João Batista do Glória, polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Marinha do Brasil, Instâncias de Governanças Regionais (IGRs), Sebrae, Fecomércio, Sesc, Senac e sociedade civil. A ação também integra o programa estadual Reviva Turismo.
A primeira etapa, já em andamento, é o diagnóstico pormenorizado, geológico e estrutural da localidade. O estudo preliminar deve ser concluído até março e está sendo realizado pelos municípios em parceria com as universidades Estadual Paulista (Unesp) e Federal de Goiás (UFG), com acompanhamento da Sociedade Brasileira de Geologia. Entre abril e novembro deste ano deverão ocorrer mais outros dois levantamentos.